Iranianos e americanos, tudo a ver
04/03/12 12:59Iranianos e americanos são muito mais próximos do que se imagina e compartilham inclusive uma maneira muito parecida de enxergar o mundo e a si próprios.
A tese, que pode soar esdrúxula, é defendida pelo veterano repórter e escritor Scott Peterson no “Christian Science Monitor”, uma das mais respeitadas e tradicionais publicações do jornalismo americano.
Peterson sustenta que os dois países têm tudo para voltar a ser “aliados naturais”, como foram até a Revolução Islâmica de 1979. O autor lembra que o Irã foi um dos únicos países do Oriente Médio onde as pessoas acenderam velas em massa em apoio aos EUA após o 11 de Setembro.
O artigo, divulgado dias atrás no site do jornal (link abaixo), argumenta que as semelhanças entre as duas populações podem ser organizadas em torno de cinco características comuns, aqui resumidas, em tradução livre:
1. Excepcionalismo
Os dois países tendem a se achar nações de primeira grandeza no rol da história. Por isso, se sentem incumbidos de uma missão nobre que permeia suas políticas interna e externa.
2. Combate à tirania
Para muitos iranianos, derrubar a ditadura do xá pró-Ocidente Mohamed Reza Pahlavi era uma obrigação moral da mesma maneira que os americanos buscam liberdade e democracia. O então presidente iraniano Mohammad Khatami disse em 1998: “O que nós buscamos é o que os fundadores [dos EUA] buscavam séculos atrás. Por isso temos uma afinidade intelectual com a essência da civilização americana”.
3. Orgulho nacional
Governos de EUA e Irã adoram falar de paz, mas também estão entre os que mais ameaçam recorrer à força. Cada um dos dois países sente que o mundo gira ao seu redor e só consegue enxergar a história através da lente nacionalista.
4. Individualismo
As culturais sociais no Irã e nos EUA compartilham a mesma obsessão pelo sucesso e pelo individualismo extremo. Por isso iranianos se adaptam tão facilmente à vida nos EUA, segundo o historiador iraniano Reza Alavi, formado em Harvard e Oxford.
5. Espiritualidade
No Irã, o governo se diz a serviço de Deus, e a fé está em toda parte. Nos EUA, a Declaração de Independência diz que “todos os homens são fortalecidos por Deus”, a população se vê como “nação sob Deus” e cada nota de dólar é estampada com um “em Deus nós confiamos”.
Scott Peterson enxerga sintonias naturais entre Irã e EUA, mas também deixa claro que essas mesmas características comuns, indissociáveis de orgulho e teimosia, hoje tornam mais difícil uma reaproximação.
O link para a versão integral do artigo:
http://www.csmonitor.com/World/Middle-East/2012/0201/Iran-US-tensions-5-ways-Americans-and-Iranians-are-actually-similar/Exceptionalism
A argumentação foi tirada de seu livro sobre o Irã publicado em 2010: “Let the Swords Encircle Me: Iran A Journey Behind the Headlines” (em tradução livre, Deixe as espadas me cercarem – uma jornada por trás das manchetes)