Aids dispara no Irã
03/12/13 11:33Controlada em algumas partes do mundo, a Aids explode no Irã. Quem diz isso não são ONGs ou organismos internacionais, mas o próprio governo da república islâmica.
Desde 2002, o número de infectados aumentou “80% a cada ano”, segundo afirmou o ministro da Saúde Hassan Hashemi, citado pelo jornal “Shahrvand”, por conta do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, no último domingo. O ministro lamentou que o tema seja “tabu na sociedade iraniana”.
Existem atualmente 27 mil pessoas contaminadas pelo vírus HIV no Irã, segundo dados oficiais. Quase 90% são homens. O número de infectados é bem maior pelas contas da Unaids, agência da ONU de combate à doença: 71 mil. Alguns médicos garantem que o número real supera os 100 mil. Ainda é uma estatística relativamente modesta para um país de 77 milhões de habitantes, mas o suficiente para deixar alarmas as autoridades.
No dia anti-Aids, o governo promoveu em Teerã um grande evento com médicos, pacientes, ONGs e diplomatas. A TV estatal ajudou a divulgar campanha para prevenir a contaminação e combater o preconceito contra infectados. “O mundo inteiro luta contra a doença, e nós não somos exceção. [Acabou-se o tempo em que] palanques públicos eram usados para zombar das sociedades ocidentais”, disse o ministro, num raro ataque de autocrítica por parte de dirigentes iranianos.
Hashemi anunciou que a principal causa de contaminação no país deixou de ser o uso de seringas infectadas. Hoje, o maior perigo está no que chamou de “relações sexuais inseguras.” Ele não entrou em detalhes, mas estava claro que ele se referia ao fato de a sociedade seguir modo de vida muito mais próximo do ocidental do que se imagina.
Jovens iranianos ficam, namoram e fazem sexo casual. Embora tudo seja ilegal e passível de castigo físico e multa, o governo cada vez mais tende a fechar os olhos. Nas grandes cidades, virgindade feminina há tempos deixou de ser pré-requisito para casamento.
A prostituição corre solta. Às vezes, a prática é maquiada com recurso ao sigheh, um contrato de união temporária que não tem o mesmo valor legal que um casamento e permite a um casal de desconhecidos ocupar um quarto de hotel. Geralmente, a mulher espera compensação financeira. Somente homens e mulheres estrangeiros podem dormir juntos em hotéis sem algum documento que comprove a legalidade de sua união. Alguns sighehs duram um par de horas, outros se estendem por anos. Um homem pode acumular vários sighehs, mas a mulher só pode emendar um segundo depois que o primeiro expirar.
Dito isso, prolifera a prostituição clássica, sem papel assinado. Moças se oferecem na rua ou na internet. Um conhecido me falou de um playboy solteirão de Teerã que promete o equivalente a US$ 300 a toda moça, de preferencia nos seus vinte e poucos anos, disposta a visitar sua mansão.
Camisinhas são vendidas livremente nas farmácias, mas, a exemplo do que ocorre no resto do mundo, muita gente dispensa. Já ouvi que autoridades distribuem preservativos nas prisões.
Mas relações homossexuais são um tema tão tabu que praticamente não há informação sobre prevenção.
Para além da preocupação com a transmissão por relação sexual, o Irã também sofre com alto índice de toxicomania, que resulta, em grande parte, da proximidade com o Afeganistão, maior produtor mundial de opiáceos.
O governo anunciou que distribuirá nas escolas um caderno de oito páginas destinado a alertar a consciência da garotada. Kits para detectar o HIV serão despachados para postos de saúde de todos, promete o Ministério da Saúde.
Tudo isso mostra que, por trás do discurso ultraconservador e moralista, a teocracia iraniana é capaz de encarar de frente questões de saúde pública envolvendo temas moralmente sensíveis.
Mas nem todos os membros do governo acompanham esta lógica. O vice-ministro da Saúde, Ali Akbar Sayari, atribuiu a alta das contaminações às TVs estrangeiras acessadas por parabólicas ilegais, às academia de ginástica e aos salões de beleza para mulheres. “É o triângulo da morte”, alertou.
Esta permissividade a la moda Ocidental da tecnocracia iraniana deve ter “desagradado” muitos que andam vociferando ódio por aí contra um regime que dizem seriam intolerantes dentre outras coisas.
Sabidamente,durante os 40 dias do Ramadã,
é vedado por preceito religioso,a prática do
intercurso sexual com mulheres,não sendo
contemplado textualmente outras conjunções
Daí o aumento da contaminação…
Caio, permita-me uma correção. Na verdade duas. O sexo é permitido, sim, durante o Ramadã, desde que ocorra durante a noite, no período de desjejum. E o Ramadã dura 30 dias, não 40.
Como assim ? eu entendi bem ou o vice ministro da saúde d Irã disse que é possível pegar AIDS assistindo TV parabólica ?
Andre,suponho que esteja se referindo a programação um tanto liberal do Ocidente que possa vir a estimular a libidinagem.
Samy, qual a punição no Irã para fornicação e promiscuidade? essa punição vale só para mulheres? É muito comum no Irã sexo casual entre os jovens?
Oliveira, fornicação é passível de chibatadas e de multa, tanto homens quanto mulheres. Mas, na prática, a pena quase não é mais aplicada. O sexo casual entre jovens é tão comum no Irã quanto no Ocidente.
Em outros países muçulmanos como Arabia Saudita também é assim?Em relação ao sexo casual.
O aparato de repressão moral na Arábia Saudita é muito mais severo e rígido. Enquanto a práticas da sociedade, tendo a achar que iranianos têm propensão a costumes mais liberais do que em outros países da região.
Ué, mas AIDS não era “doença de gay” e o presidente de lá não disse que no Irã “não existem homossexuais”???
Não lembro quando, mas nessas últimas eleições para presidente do Brasil, quando Ciro estava concorrendo, este fez alguns minutos de observação sobre o Irã, em uma entrevista, não lembro bem…
Foi umas das primeiras mudanças da imagem do Irã que me ocorreram, saindo daquele blá blá blá que você, Samy, não pratica tão bem. Persas, detentores de uma civilização milenar, tão bem analisados em seus textos.
Cara, se lugar deve se ótimo para se fazer uma visita! abs e parabéns
É… Pelo visto o Deus deles é ineficiente, incapaz e inútil tal qual o Deus daqui…
o Deus deles é o mesmo que o daqui…
Ou seja… nenhum!
Há um deus. Mas deixa os homens escolher, mas geralmente não altera a conseqüência.
Allah = Deus na língua árabe, somos todos originários de Abraão, Isaac e Jacó.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2013/12/1380765-brasileiro-clerigo-xiita-e-deportado-do-ira.shtml
Tem alguma informação complementar, fiquei curioso.
Abraço.
Heitor, esta matéria contem todas as informações que consegui levantar.
O que tem a ver DEUS com a imprudência do ser humano ?