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Samy Adghirni

Um brasileiro no Irã

Perfil Samy Adghirni correspondente em Teerã.

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Visitei a antiga embaixada dos EUA no Irã

Por Samy Adghirni
01/11/13 09:54

Sempre achei a antiga Embaixada dos EUA, palco da histórica tomada de reféns romantizada no filme “Argo” (2012), um dos pontos altos de qualquer visita a Teerã.

Fiz questão de levar todos os parentes e amigos que vieram me visitar nesses quase dois anos como correspondente da Folha de S.Paulo no Irã para fotografar o blasão com a águia americana ainda cravado no portão do complexo. Até quem não é fissurado em história e geopolítica se sensibiliza ao ver, intacto, o palco de um dos fatos mais marcantes da história contemporânea.

Para quem não se lembra, a invasão foi lançada em 4 de novembro de 1979 por manifestantes furiosos com o asilo dado pelos EUA ao xá Mohamad Reza Pahlavi, varrido do poder, meses antes, pela revolução que levou ao poder o aiatolá Khomeini e seus aliados.

Seis diplomatas conseguiram fugir por uma portinha lateral e se refugiaram na casa de diplomatas canadenses antes de ser exfiltrados do Irã com ajuda da CIA, narrativa central de “Argo”. Outros reféns, negros e mulheres, foram libertados por ordem de Khomeini por serem “oprimidos” nos EUA. Mas 52 reféns ficaram em cativeiro por 444 dias. Embora tenham sofrido pouca violência física contra eles, foram submetidos a terríveis torturas psicológicas, como simulação de execuções. A invasão terminou após mediação da Argélia, mas Teerã e Washington se tornaram desde então arqui-inimigos. A disputa entre interesses iranianos e americanos molda boa parte da geopolítica do Oriente Médio e, portanto, do mundo. A tomada da embaixada foi um divisor de águas.

Ontem, pela primeira vez pude entrar no complexo.

Ao lado de dois outros jornalistas estrangeiros baseados em Teerã, tive o privilégio de circular pelo local, hoje controlado pela milícia pró-regime basij. Os basijis abriram as portas da antiga embaixada, às vésperas do 35º aniversário do ataque, para exibir ao público a parafernália de artefatos e equipamentos usados pelos agentes secretos americanos no prédio hoje conhecido como “ninho de espiões.”

A mensagem da milícia é clara: os EUA são maléficos e não merecem confiança. Os basijis são parte da ala ultraconservadora do regime que rejeita os acenos do novo presidente, Hasan Rowhani, em direção ao Ocidente. Os milicianos jogaram ovos e sapatos no presidente quando ele voltou ao Irã após participar do encontro anual da ONU, em Nova York, durante o qual conversou ao telefone com Barack Obama, no primeiro contato entre dirigentes dos dois países desde a revolução iraniana de 1979.

A visita de duas horas pelo jardim e corredores da embaixada foi incrível. Só não curti mais porque estava com a cabeça no modo trabalho.

Está aí a reportagem, com galeria de fotos, sobre a visita à antiga embaixada.

 

About Samy Adghirni

Samy Adghirni, 34, é correspondente da Folha no Irã. Está no jornal desde o fim de 2007. Cobriu as revoltas árabes no Egito, na Tunísia, na Líbia e na Síria e fez reportagens no Iraque, Iêmen, Síria, Cisjordânia, faixa de Gaza, Turquia, Marrocos, República Dominicana, Equador, Argentina, EUA, Suécia, Bélgica e Finlândia, entre outros países. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Stendhal de Grenoble (França) em 2001 e trabalhou em Paris para as rádios BFM e Radio France Internationale. Em Brasília, foi setorista de Itamaraty e colunista musical pelo "Correio Braziliense" e colaborador da agência France Presse.
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Comentários

  1. cleydalton comentou em 08/11/13 at 17:01

    acredito que seria interessante o Irã mudar a concepção quanto ao Ocidente pois no mundo Globalizado em que estamos vivendo não tem espaço para uma nação permanecer isolada.

  2. André comentou em 07/11/13 at 17:46

    Acredito que mesmo em cima da desconfiança mutua é benéfico aos dois países a reaproximação, ao mesmo tempo que, quem assume o maior risco é sem dúvida a republica islâmica. Seria mais interessante a Teerã que a aproximação seja apenas a nível comercial e cultural e não a nível politico pois os EUA não perderão a oportunidade de minar o governo islâmico quando for conveniente.

  3. Sorales comentou em 04/11/13 at 22:36

    Samy
    Em 1983 estive na embaixada do Irã, em Brasília, com o embaixador Hamed (?), um curdo de 33 anos. Na ocasião, ele me mostrou uma volumosa coleção de documentos, apreendidos na embaixada dos EUA, quando da invasão em 1979. Na realidade, a coleta desses documentos foi efetuada por estudantes da Universidade de Teerã, dos depósitos das cortadeiras de papel, tiras perfiladas e coladas, uma a uma, num processo de restauração meticuloso, que reuniu mais de 50 volumes, encadernados. Documentos cortados às pressas pelos funcionários da embaixada que, segundo ele, provaram que os americanos espionavam o país em favor do Xá.
    Abs.

  4. Fernando/Maceió comentou em 01/11/13 at 10:39

    Samy, quando li sua reportagem na Folha achei que a reabertura do prédio da embaixada p/ visitação era um gesto simbólico de aproximação de Teerã com Washington. Mas lendo o blog tive a impressão de que o gesto é um recado dos Basijis ao presidente Howhani. Ou seja, a mensagem parece dirigida ao público interno do Irã para que não fique no esquecimento aquele fatídico 04/11 quando “forças do mal” (norte-americanas) desafiaram o Irã. Em outras palavras, um aviso p/ Howhani “pisar no freio” na reaproximação com os EUA. Qual sua análise Samy?

    • Samy Adghirni comentou em 01/11/13 at 10:43

      Isso mesmo, Fernando, abrir a embaixada é uma maneira de se opor ao ensaio de reaproximação com os EUA.

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