A loira sensual a serviço da TV estatal do Irã
07/05/13 16:04Ela é uma ex-modelo ocidental jovem e bonita, que já exibiu o corpão em revistas masculinas e adora tomar todas durante festas cheia de glamour. Nada disso seria problema se não fosse pelo novo emprego da moça. Edwina Grace Storie, australiana de 25 anos, foi contratada como correspondente em Sydney pela Press TV, o canal internacional em língua inglesa da República Islâmica do Irã. Edwina é alvo de uma enxurrada de críticas por todos os lados depois que um blog maldoso foi atrás de seu histórico e vasculhou as redes sociais até achar –e escancarar– informações pessoais que a comprometam.
No Facebook, fotos mostram Edwina na balada, em trajes sexy e ambientes com fartura de álcool. No twitter, posts deixam clara a paixão da moça por champanhe. Na internet há também fotos de Edwina sendo carregada na horizontal por homens sem camisa. O que mais chama atenção, no entanto, é a galeria online de uma agência de modelos que oferece candidatas para campanhas publicitárias e ilustrações de revistas para homens. Edwina aparece de lingerie e em poses provocantes. Tudo isso foi estampado na home do blog australiano Vexnews.
O Vexnews alega que o problema é a Press TV, não Edwina, e que ninguém deveria se envolver com a máquina de propaganda do governo iraniano. No Irã, diz o site, mulheres são oprimidas e devem andar cobertas da cabeça aos pés, álcool e festas são proibidos e autoridades violam direitos humanos. Editores do Vexnews se divertem exibindo na home uma imagem da moça deitada numa cama, com pouca roupa e cabelos soltos, ao lado de outra, em que ela aparece de hijab (véu islâmico) e ar sério, numa reportagem desde Sydney.
No Irã também houve críticas. O site Enekas disse que a contratação de uma repórter com o perfil de Edwina contradiz os ideais da Revolução Islâmica, comandada pelo aiatolá Khomeini, em 1979. “Estão zombando da Press TV”, lamenta o site, que pergunta por que razão a moça foi recrutada. “A beleza se tornou critério para contratação de repórteres? Vale a pena atrair telespectadores recorrendo a métodos usados pela mídia não islâmica, que é capaz de qualquer ação desumana para manipular a mente do público?”
A Press TV, à qual dediquei um dos primeiros textos deste blog, reagiu com indignação e defendeu sua colaboradora, que descreveu como profissional competente. A emissora contratou advogados e prometeu processar o Vexnews. Segundo a Press TV, a polêmica foi montada para retaliar reportagens nas quais a correspondente relata uma campanha de boicote a Israel nas universidades australianas. A TV iraniana divulgou um comunicado atribuído a Edwina no qual a moça diz que o blog se apoderou de fotos “tiradas há sete anos”, quando ela era “modelo ativa”. As imagens, afirma, foram comercializadas sem autorização, e ela se arrepende de ter posado para “aquelas fotos”.
O Vexnews voltou ao ataque e questionou a veracidade da fala atribuída a Edwina. O site até conseguiu uma rápida entrevista com a correspondente, na qual ela não menciona o comunicado da Press TV, mas diz estar “profundamente chocada e traumatizada” com tamanha exposição. O blog diz ter levantando a informação (presumo que junto à própria entrevistada, em off) de que Edwina não pretende mais trabalhar na Press TV, famosa no métier por pagar bem seus colaboradores estrangeiros.
Iranianos são ótimos atores, perante a família e sociedade são pais, filhos, esposos, vizinhos, trabalhadores exemplares que levam a religião a sério. Quando estas mesmas pessoas estão com seus amigos mais íntimos ou namoradas(os) amantes, sighes mostram sua verdadeira face, não precisam mais atuar fingir que respeitam e seguem regras religiosas absurdas de convívio, são livres para dizer e agirem da maneira que mais lhe agradam.Deve ser por isso que homens e mulheres tem vários amantes no Irã, entre quatro paredes não precisam atuar. Que tal uma matéria sobre esse tópico Samy.
Gostaria de saber se mesmo sendo um jornalista estrangeiro, você tem liberdade para escrever sobre qualquer assunto ou tem as mesmas restrições impostas aos jornalistas iranianos?
Michel, jornalistas estrangeiros estão muito menos expostos a problemas graves com as autoridades.
Samy, pq não podemos assistir à Press TV no Brasil???? Eu queria ter direito à diversidade de pontos de vista, à pluralidade de ideias e à Edwina Grace Storie. Uma gata!!!!!!
Interessante a tv estatal iraniana ter uma filial fora do país para transmitir noticias em ingles para outros povos. Não tinha idéia que algo assim existia e imagino que até no Iran a maioria não saiba disso.
Isso me faz lembrar a RIAS – Radio International of the American Sector de Berlin transmitindo dentro do muro para os comunistas do outro lado do muro, no auge da Guerra Fria.
Neco, é muito comum TVs estatais que transmitem no exterior, veja, por exemplo, a BBC (Inglaterra), Deutch Welle (Alemanha), NHK (Japão), RAI (Itália), TV Brasil, Telemundo (Espanha), etc.
Mais uma vez Samy nos ajudando a olhar para o Irã como um país “normal”. Loiras bonitas e sensuais, com currículos duvidosos, recheiam os telejornais das televisões ocidentais desde sempre. No Irã, ao que parece, não é diferente.
Samy, este assunto esta sendo debatido entre a população? Como é um post novo talvez vc ainda não possa ter tido essa percepção, mas se teve qual é a reação das pessoas em relação a isso?, não digo apenas na midia , mas também nas conversas na rua com taxistas comerciantes etc…?
Leon, essa história chegou por acaso aos meus ouvidos. Ninguém por aqui parece muito preocupado com isso, até porque o público alvo da Press TV não é iraniano, mas toda a população anglófona na Europa, EUA e Oriente Médio. A maioria dos iranianos provavelmente nunca assistiu à Press TV.
Como se todos no Irã fossem santos.