Zoroastrismo, a religião ancestral do Irã
04/02/13 14:40O Irã abriga uma das últimas comunidades nativas remanescentes do zoroastrismo, que já foi uma grande religião na antiguidade. Os zoroastras hoje não passam de 190 mil, dos quais 25 mil vivem no Irã, parte da pequena parcela não islâmica da população iraniana (além de cristãos, judeus e baha’aís). Na semana passada, os zoroastras de Teerã se reuniram para celebrar o Sadeh, uma tradicional comemoração anual que marca a metade do inverno.
O zoroastrismo se considera a primeira religião a ter decretado a existência de um Deus único e todo poderoso. A revelação monoteísta teria vindo do profeta Zaratustra, que foi tema do famoso livro “Assim falou Zaratustra”, do filósofo alemão Nietzsche. Zaratustra nasceu na Pérsia, em algum lugar entre o que é hoje o nordeste do Irã e o sudoeste do Afeganistão, mas não se sabe exatamente quando. Alguns estudiosos dizem que ele viveu há muitos milênios, talvez até 4.000 anos atrás. Outros historiadores sustentam que Zaratustra não é tão antigo e situam sua revelação ao redor do século 7 antes de Cristo. Difícil saber qual dos dois, o zoroastrismo ou o judaísmo, foi pioneiro na crença de um criador único mestre dos mundos.
E o que falou Zaratustra?
Falou que a entidade divina absoluta chama-se Ahura Mazda, e que sua criação é pura e exige ser tratada com respeito e carinho. Daí o esforço constante dos zoroastras para preservar a natureza. Há quem diga até que o zoroastrismo originou a ideia de consciência ambiental. Zaratustra é autor do Gathas, primeiro conjunto de escrituras sagradas da crença. O profeta sustenta que o mundo é palco de uma luta constante entre, de um lado, a ordem e a verdade que emanam do paraíso atemporal onde se encontra Ahura Mazda, e, do outro, o caos e a mentira que tentam arrastar a virtude para as profundezas do inferno. Esse dualismo influenciou as religiões abraâmicas, que incorporaram essa ideia central do bem contra o mal.
O lema do zoroastrismo é: “bons pensamentos, boas palavras, boas ações”.
Zoroastras defendem a ideia de que Ahura Mazda está por trás de todas coisas boas do mundo e, por isso, não deve ser temido. Os fiéis consideram que sua fé, por não impor obrigações nem proselitismo, é mais tolerante e menos dogmática que judaísmo, cristianismo e islã. Reza quem quiser, quando quiser. Os zoroastras fazem orações com o rosto voltado para o sol ou para chamas, o que lhes rendeu o rótulo de adoradores do fogo, categoricamente rejeitado pelos fiéis. O fogo é o elemento que traz luz e purifica, complementando as virtudes dos outros componentes do mundo: água, terra e ar.
Entre os rituais zoroastras mais curiosos estão as cerimônias fúnebres. Os fiéis consideram que o corpo se torna impuro imediatamente após o último sopro de vida. Nem pensar em enterrar os mortos, pois isso contaminaria a terra. Na tradição zoroastra, os cadáveres são levados até o topo de construções chamadas torres de silêncio, onde são deixados à ação do sol e das aves carniceiras. Mas a prática só se mantém na Índia, onde vive a maior comunidade zoroastra. No resto do mundo, leis proíbem deixar corpos em decomposição ao ar livre, obrigando os zoroastras a optarem geralmente pela cremação.
O desaparecimento das torres de silêncio é sintomático do declínio do zoroastrismo. O auge da religião foi durante o império persa-aquemênida, alguns poucos séculos antes de Cristo. Grandes reis da Pérsia, como Ciro e Dario, eram devotos zoroastras. Havia até 50 milhões de fiéis no império que se estendia da Grécia até a Índia, segundo estimativas. A tranquilidade acabou com a invasão da Pérsia pelo Exército do conquistador macedônio, Alexandre, o Grande, que levou o império ao colapso, no ano 330 A.C. Desde então, zoroastras foram perseguidos e discriminados, tanto por cristãos como por muçulmanos no rastro das invasões e reconquistas que moldaram o Oriente Médio e a Ásia.
Não bastassem os massacres e as conversões forçadas a outras religiões, a pulverização da comunidade e a facilidade de casamento interreligioso selaram a queda dos efetivos. Há quem diga que o liberalismo do zoroastrismo contribuiu para sua queda, já que mulheres zoroastras são estimuladas a sair de casa e trabalhar, o que teria afetado os índices de reprodução necessários à sobrevivência da comunidade. A fé está dividida acerca das conversões: aceitar ou não novos fiéis?
Antes da revolução islâmica, em 1979, havia cerca de 300 mil zoroastras no Irã. Boa parte fugiu para os EUA temendo perseguição. Três décadas após esse tumultuado período, os zoroastras iranianos hoje praticam sua fé em razoável liberdade e têm um deputado eleito no Parlamento.
A situação dos iranianos muçulmanos é tão caótica que nem conhecem a religião original de seu país e de suas tradições milenares, enterradas sob o jugo religioso atual. O “Avesta” deve ser completamente desconhecido das gerações atuais. Uma pena, num país tão rico em longevidade, mas de culturas oprimidas por líderes “carismáticos” do Islã.
Muito bom!
Muito bom, gostei muito! Esclarecedor!
Duvidoso de que o liberalismo colocou fim aos Zoroastras, uma vez que o catolicismo detém o mesmo liberalismo.
Acho q apesar da crença pública, o catolicismo não é tão liberal! Dando uma olhada para as ações da igreja católica durante toda a história podemos certificar vários acontecimentos, alguns decretos e muitos mistérios!!!
Por exemplo a igreja católica não dá às mulheres a tal liberdade q o Zoroastrianíssimo dá, apesar de q esta liberdade ainda não ser pleno.
Também o catolicismo foi muito capitalizado, financiado e divulgado, os missionários cristãos andaram pelo mundo a pregarem a religião, em alguns lugares a força, destruindo e matando, e em outros pregando amor e palavras bonita, no caso de Zoroastrianíssimo não aconteceu o mesmo.
Ameh Khanum, concordo com tudo que falaste, mas este catolicismo que vc expõe é do passado, o qual se impôs com violência, apesar de nunca deixar desses meios truculentos que foram se adaptando com a evolução da sociedade, como o advento do iluminismo por exemplo. Enfim, nunca iremos saber como era o liberalismo do Zoroastrimos que deveria ser muito primitivo, e na verdade não servirá de referência p/ extinção de outras religiões, cujas essência capitalista seguirá outros rumos, o da acumulação e o de maior numero de pessoas possíveis para exercer seu poder e manter sua sobrevivência.
O passado garantiu a atual força e existência do Catolicismo.
Adorei as informações e acho que esta é uma das religiões mais sensatas que vi. A impressão é de que regredimos em vários aspectos de conduta ao longo dos milêncios.
Uma bela religião que possui seguidores extremamente famosos e competentes como o tanzaniano Farrokh Bulsara, vulgo Freddie Mercury, o bilionário indiano Ratan Tata e o grande maestro Zubin Mehta.
A afirmação que o Zoroastrismo foi perseguido a partir da conquista macedônia não é correta. De fato o auge da religião foi na época aquemênida, e sobre o período posterior sabe-se menos, exceto que houve muitos conflitos onde também zoroastras foram atingidos. Mas a repressão dirigida aos zoroastras começa com a conquista islâmica.
F Pait, sugiro que busque mais informações a respeito. Você verá que há abundantes relatos de perseguição aos zoroastras antes da conquista islâmica, inclusive por parte dos cristãos, que destruíram templos e tachavam os zoroastras de adoradores de “falsos deuses e elementos naturais.”
Interessante. Vou ler sim. Entendo que o zoroastrismo perdeu poder no regime helenístico, mas achava que tinha voltado a ser religião oficial dos impérios persas subsequentes. Talvez eu esteja errado. Também não sabia que o cristianismo chegou a dominar a Pérsia.
F Pait, os zoroastras não estavam confinados à Pérsia. Eles viveram sob domínio cristão na Anatólia, onde sofreram perseguição, discriminação e tiverem templos destruídos. Mas também há relatos de episódios de hostilidade zoroastra em relação a cristãos.
Olá Samy tudo bem? parabéns pela texto. vc poderia falar um pouco sobre os Bahai. Parece q eles não são tão tolerados quanto os adeptos da zoroastrimos.
Abraço
Em tempo 1:
O Zoroastrismo era uma religião bem mais singular e realmente monoteista, antes da criação do Império Medo-Persa. Com a fusão dos dois poderes político-militares regionais e o posterior domínio da Babilônia, pelos primeiros, houve uma grande incorporação de divindades dos Medos, pelo Zoroastismo, alterando sua natureza original, notando-se, a partir de então, divindades menores em seu seio, diferentemente do que falou Zaratustra.
Em tempo 2:
O Deus do antigo testamento cristão, Yaveh, Adonai, dizia: “pois Ciro é o meu ungido” e Ciro adorava Ahura Mazda…
Caro, o “Deus” do Antigo Testamento não é mais que a incorporação da crença judaica ao “cristianismo”. Nada mais que um texto encomendado para um certo “São” Jerônimo denominado inicialmente de Vulgata Latina e depois chamado de Bíblia, para cristãos ingênuos acharem que é o relato do “cristianismo” original, que funcionava, através das “Casas do Caminho”. Tanto que os demais que não aceitaram a íntegrada do texto na “votação” conciliar passaram a ser as escolas perseguidas, inclusive com o apoio dos imperadores romanos. Leia sobre origens do cristianismo, história do Império romano, história do Oriente, história do Ocidente e não apenas livros com tendência religiosa.
Muito interessante a reportagem, lembrando que. ao que os fatos sugerem, realmente, o Zoroastrismo foi a primeira religião monoteista do mundo. Talvez pouco antes do Judaismo (século XIV, a.C., Moshe). Até o aparecimento de Moisés como interlocutor entre seu Deus e os judeus, os decendentes de Abraão e Jacob se referiam aos “deuses”, no plural e foi Moisés quem singularizou, literalmente, a idéia. Outro detalhe importante do Zoroastrismo é sua crença no fato que a alma permanece no mundo material, por três dias, após a morte, como no Cristianismo: ” e Jesus ressucitou, ao terceiro dia”. Zaratustra também afirmou que após ele, viria outro profeta divino, que seu nascimento seria precedido por uma estrela e ele nasceria de uma virgem. Os sacerdotes do Zoroastrismo são chamados de Magos, em português e na tradição cristã, haviam três deles que seguiam a luz de um suposto astro que poderia indicar a concretização da profecia de Zaratustra.
http://www.recantodasletras.com.br/natal/2096155
Como se pode ver nesse e em outros “sites” há vários estudiosos que sugerem que os Reis Magos realmente eram zoroastrianos, cumprindo assim algumas profecias trazidas por Zaratustra
Os historiadores e críticos são mais ou menos unânimes em afirmar a positividade da grande revolução promovida pelo profeta iraniano Zaratustra. Pois com Zaratustra operou-se a grande passagem da concepção de um Deus cósmico a um Deus ético. O Zaratustra de Nietzsche nada tem em comum com o grande profeta do Irã, pelo menos foi obrigado a admitir a enormidade da revolução do profeta quando afirma: “ Tenho de prestar homenagem a Zaratustra…Zaratustra, sou como tu um homem predestinado a criar valores para milênios”. Zaratustra pode ser considerado o primeiro modelador da grandeza humana, descortinou novas dimensões para o homem, arrancando-o das garras da Natureza e das servidões da História. Como pioneiro desta nova concepção para o homem, transformando-o em co-responsável pela criação, propõe quatro temas fundamentais:
-Visão monoteísta;
– Visão do mundo como campo de confronto entre o bem e o mal;
– Novo olhar das relações do homem com o divino – encontra Deus em si mesmo quando vive divinamente sua vida;
– Novo modus vivendi com a Natureza, respeitando a vida, quer dos animais, quer dos vegetais.
Louvo a serenidade do Samy nessas abordagens espinhosas, ao nos permitir um olhar mais respeitoso para com um povo, que pode até ser diferente em suas condutas e avaliações, mas não necessariamente do “eixo do mal” como certa imprensa quer que assim o avaliemos.
Samy
Parabéns por nos mostrar outros aspectos da vida no Irã. Para quem, como eu, que achava que havia somente muçulmanos e que no Irã apenas essa religião era tolerada, fico feliz em saber que há judeus, bahais, cristãos e, agora, zoroastristas. Tenho entendido melhor a política iraniana e vendo que há diversas nuances do governo atual que vão além da tirania, autoritarismo e persguição política aos adversários. Tudo isso, sabemos, é inegável, mas gosto de saber que a questão iraniana é mais complexa do que nos mostra a TV. Nesse sentido, seu blog tem sido uma excelente fonte de informação alternativa. Quando puder, se possível, aborde o tema dos Bahais
abraço
Fernando (Maceió)
PARABENS, mais uma vez mostrando a cultura de um povo “edemoniado” pelo ocidente.
Posso acrescentar que os judeus foram libertos do cativeiro na Babilonia por um Rei Zoroastra e que os Reis Magos que levaram a mirra o incenso e o ouro para Jesus quando nasceu, na realidade eram Sacerdotes Zoroastras o termo “Mago” designava os Sacerdotes na época.
No Irã conheci as primeiras Mesquitas, construidas por volta do ano 800 a 900, no “Altar” aonde reza o Imã encontramos desenhos em relevo da Pira de Fogo.
Na realidade encontramos muitas adaptações das novas religiões, por exemplo, no Islã lava-se a mão antes de rezar (purificação pela água), chamam os fiéis nas torres (uso do ar), ao orar colocam a testa no chão em sinal de humildade perante Alá (a purificação pela terra) todos estes elementos o fogo, ar, água e a terra são os componentes básicos do Zoroatrismo.
O pioneiro do Monoteísmo é o Zoroastrismo, Ahura Mazda, não é ninguém menos que o deus Marduk, declarado Deus Supremo da Babilônia e dos Quatro Cantos da Terra por volta de 2000 A. C. após uma guerra entre os anunnaki/nefilim pelo controle da Terra, que culminou com o uso de armas nucleares em Canaã em 2024 a. C. A ordem para uso das armas foi dada por Enlil, deus de Nippur, tio de Marduk e seu primo Nannar-Sin deus de Ur, seus adversários na disputa pelo controle do espaçoporto de Canaã. O efeito desastroso deste episódio é relatado também no Lamento de Ur, que representa o fim da Suméria, primeira civilização da Terra, dizimada pela radiação. Com a elevação de Marduk, este auto intitulou-se o Criador, celebrando a versão babilônica do Enuma Elish sumério, no festival do Akitu. Mais tarde, os israelitas ou os cristãos, instituindo o Monoteísmo, atribuíram estes atos a Javé. Digo cristãos, por que, pelo que consta, Javé nunca disse que criou mundo. Eramos tão Politeístas, que somente em 622 d.C. grande parte do mundo tornou-se Monoteísta. Marduk, Príncipe de Nibiru, casou com a humana Sarpanit, daí também a sua popularidade. Antes de morrer entrou de mãos dadas e empossou Ciro no trono da Babilônia.
Julio Dalcin
Não há como definir a deidade no conceito do monoteísmo abraâmico, como professam os judeus, os cristãos e os muçulmanos, pela linguagem “profana”. Porque a palavra Eloim, como consta do Livro de Gênesis, é plural de Eloa (Deus). Os estudiosos dizem que o zoroastrismo muito influenciou o judaísmo, do qual originariam o Islã e o Cristianismo. No entanto, para se entender a mística da deidade é preciso que se aprofunde nas práticas iniciáticos dessas doutrinas. Até mesmo no Tao, dos orientais. Porque o masdaísmo, originário do zoroastrismo, se propagou por grande parte da Ásia, interagindo com o taoísmo e, até mesmo, com o budismo.Como tais práticas (iniciáticas) acontecem em cerimônias secretas, longe das vistas profanas; eu diria, além do Bem e do Mal, que é caracterizado pela unidade absoluta. Quem diria que a Luz, em sua pureza, pudesse conter todos os espectros que somente se revelam através da trindade – das três faces do prisma – quando do fenômeno da refração. Assim, Zoroastro em sua dourina deixava claro a unidade na diversidade. Um Deus (princípio) único, de três faces, denominados no cristianismo de Pai, Filho e Espírito Santo. No sentido inverso, é o homem (iniciado) retornando à unidade absoluta; o “abraxas”, como retratado por Herman Hesse em seu livro Demian.
Sorales, acho que estamos longe de entender o verdadeiro significado do Monoteísmo, o Livro Perdido de Enki, encontrado na biblioteca de Nippur, não deixa espaço para esse tipo de crença, apesar de falar na existência do Criador de Tudo.
Vale salientar que o Velho Testamento, na forma Monoteísta, começou a ser montado pelos israelitas durante o cativeiro na Babilônia.
Acho que o lançamento de um foguete para o espaço com um macaco, e o retorno do mesmo merece um post, não ?
Estão surgindo questionamentos sobre as fotos divulgadas serem de outro macaco, usado em testes anos atrás.
Bem legal o seu blog !
Obrigado, Ricardo. Estou escrevendo a respeito dos temas que você sugere na versão impressa da Folha de S.Paulo, espaço prioritário para publicação do noticiário factual.
SAMY ADGHIRNI
Vc comentou os aspectos mais exotéricos do zoroastrismo. Esqueceu de Angra Mainu, o deus do Mal, contrapondo a Ahura Mazda. Daí o masdaísmo, doutrina que inspiraria os maniqueus, com a dualidade representada pelos filhos da luz e os filhos das trevas. No entanto, o que há de mais rico na doutrina de Zoroastro, são as prática iniciáticas, esotéricas, que até hoje inspiram muitas ordens herméticas. A chama sagrada do templo eram mantidas por vestais, o que inspiraria o judaísmo iniciático. E o cristianismo nascente, uma vez que Maria,mãe de Jesus era uma vestal, assim como Maria Magdalena. Na realidade, o zoroastrismo fundamentou os conceitos que inspiraria a Metafísica moderna.
Obrigado pelas informações, Sorales, mas o texto não pretende trazer um relato histórico tão rico e detalhado. A ideia é fazer uma apresentação geral destinada a quem sabe pouco ou nada a respeito do zoroastrismo.
SAMY ADGHIRN
Nos meados dos anos oitenta, quando da guerra Irã-Iraque, estive na embaixada do Irã em Brasília, onde me reuni com o embaixador Hammed … (não me lembro o sobrenome), um jovem curdo de 33 anos. Ele me mostrou uma coleção de documentos, com perto de 30 volumes, que ocupava um lugar de destaque numa estante em seu gabinete. Tratava-se de documentos colhidos na embaixada dos EUA, invadida pelos estudantes da Universidade de Teerã. Na realidade, eram milhares de folhas de papel com documentos cortados em tiras pelas máquinas trituradoras que os funcionários acionaram momentos antes da invasão. Tudo restaurado, de modo que dava para ver os sinais de corte. Centenas de estudantes, segundo o embaixador, trabalharam no processo de restauração. Ele me convidou para visita-lo em virtude de um artigo sobre a guerra que escrevi na Folha da Tarde. Hamad foi alvo de intensos ataques das mídias nacional e internacional, tendo sido chamado ao Planalto para se retratar, por ter distribuído em fascículos, com o timbre da embaixada, o controverso livro apócrifo “Os protocolos dos sábios de Sião”,considerado anti-semita.
Como a ditadura islâmica iraniana é legal!
Deixa até um zoroastra fazer parte do Parlamento para fazer de conta que é uma democracia onde há liberdade de religião, expressão…
Mas para ser uma democracia mesmo teria que ter também um judeu no Parlamento.
Oh, espere! Há também um judeu no Parlamento!
Nossa, o Irã deve ser mesmo uma democracia, né, Samy?!
Amigo, procure se informar: há 3 religiões além do islamismo que tem representação no Parlamento Iraniano: judaísmo, cristianismo e o zoroastrismo, que são considerados os povos do livro pelos muçulmanos.
Aliás ontem, vi uma reportagem da Press TV mencionando também a existência de sikhs no Irã… mas estes últimos como outras minorias não têm representação parlamentar, mas suas comunidades vivem em paz.
Há até quem especule que o símbolo da atual bandeira iraniana guarda semelhanças com o Khalsa o simbolo do sikhismo. Não é interessante?
Se é para falar em minorias interessantes e em povo do livro, recomendo que você pesquise sobre os mandeus.
Não dá é para falar em minorias religiosas vivendo em paz no Irã. Vide Baha’i, cristãos, a minguante população judaica. No máximo, conseguem ser cidadãos de segunda classe.
Essa bobagem de destacar a presença de representantes no Parlamento iraniano, que não tem poder nenhum e não é formado por processo democrático, é malandragem que chega a doer. Serve só para iludir os incautos. Quem manda é o Supremo Líder e pronto!
Na escola, quando estudávamos o antigo império persa, aprendia-se que o zoroastrismo não era uma religião monoteísta como o judaísmo e o islamismo, mas sim uma religião dualista (ou “diteísta”).
João, a religião está baseada num princípio dualista, mas as escrituras zoroastras determinam que só um Deus é merecedor de adoração.