Em Teerã, um imenso outdoor anti-Obama
22/01/13 10:30Enquanto os EUA estão no clima da segunda posse de Barack Obama, o governo iraniano cravou um enorme cartaz no centro de Teerã para deixar claro o que pensa a respeito do presidente americano.
Cobrindo a lateral inteira de um prédio de dez andares na praça Valiasr, formigueiro humano no coração comercial da capital, a imagem mostra Obama em pé, cara meio séria meio amigável, mão direita estendida para frente. Ao lado dele há um sujeito vestido com algo semelhante a uma fantasia de guerreiro medieval, segurando um rolo de papel que parece ser uma carta fechada à moda antiga. Na parte inferior do outdoor, a frase “venham conosco, e estarão a salvo” está escrita em farsi três vezes: uma, com fonte maior cravada logo abaixo dos pés de Obama e do guerreiro esquisitão; outra com a data 61 no calendário islâmico lunar; e a terceira com o ano de 2012. Aos olhos ocidentais, essa montagem não diz nada. Mas qualquer iraniano sabe muito bem do que se trata.
O sujeito da fantasia com penas no capacete representa Shemr, o personagem mais sanguinário, maldoso e imoral na história do islã xiita, ramo predominante no Irã. Foram os crimes de Shemr que moldaram a ideologia de martírio e dor do xiismo, essa dissidência que rachou para sempre os muçulmanos.
A história de Shemr é a seguinte.
No ano de 680, quando o islã estava apenas no seu 61º aniversário pela contagem lunar (a data no cartaz, lembra?), reinava uma constante disputa pelo comando dos crentes muçulmanos. Maomé já havia morrido de doença, e seu primo, genro e sucessor, Ali, havia sido assassinado por uma facção inimiga. Coube então a um dos filhos de Ali e neto de Maomé, o valente Hussein, a tarefa de lutar para que o islã continuasse comandado por parentes de sangue do profeta. Mas uma outra turma muçulmana, ligada à poderosa dinastia Umíada, não reconhecia a liderança de Hussein e mandou tropas para acabar com essa história de governar sob pretexto da legitimidade pelo sangue. Assim consolidou-se de vez o racha entre xiitas, partidários de uma sucessão por laços familiares, e sunitas, que defendem confiança e credenciais religiosas como critério de escolha.
Shemr era aliado do clã de Hussein até mudar de lado. Seus novos chefes umíadas o encarregaram de executar um plano sorrateiro, que consistia em cooptar soldados de Hussein para isolar e derrotar o neto do profeta. Na surdina, Shemr então apresentou uma carta aos companheiros de Hussein com a famosa frase: “venham conosco, e estarão a salvo”. Os companheiros rejeitaram a oferta, mas os umíadas lançaram em seguida um ataque que dizimou Hussein e todos os seus seguidores. Shemr é quem cortou a cabeça de Hussein com uma espada.
Por que, então, a comparação com Obama?
Porque o presidente americano, na visão do regime, se faz de amigo para esconder intenções maléficas. Igualzinho a Shemr, Obama estende a mão e oferece amparo. Igualzinho a Shemr, seu verdadeiro objetivo é derrotar os justos e espalhar mal e arrogância. “Venham conosco, e estarão a salvo”, no ano islâmico 61 e em 2012.
Montado para coincidir com a reeleição e segunda posse de Obama, o cartaz é uma maneira de acusar o presidente democrata de ter descumprido a promessa feita no momento de sua primeira posse, há exatos quatro anos, de mudar a atitude dos EUA em relação ao Irã. Obama havia anunciado que estenderia a mão a Teerã e gravado um vídeo parabenizando a república islâmica pelo seu ano novo, o nowruz. Muitos iranianos tinham genuína esperança de que tudo mudaria com a chegada à Casa Branca de um negro democrata cujo nome completo é Barack HUSSEIN Obama. Aqui proliferou, por um bom tempo, o infundado rumor de que Hussein Obama é um muçulmano que não pode revelar sua fé sob risco de ser politicamente enfraquecido junto ao seu eleitorado cristão e judeu.
Mas Teerã avalia que Obama acabou impondo as piores sanções já sofridas pela república islâmica e falhou em respeitar a demanda iraniana fundamental: o direito de enriquecer urânio para fins energéticos e medicinais. Já para os americanos a coisa só não andou por causa da intransigência do Irã, que se recusa a cumprir com resoluções da ONU que determinam a suspensão de seu programa nuclear até que sejam levantadas todas as suspeitas de fins militares.
É o que eu sempre digo: o maior obstáculo para a normalização das relações entre Irã e EUA talvez não seja a agenda geopolítica em si, mas a mágoa e a desconfiança acumuladas após décadas de hostilidade.
Eu não sei até que ponto podemos separar uma visão de povo de uma visão de governo, ou por hipótese, concluir que há uma coincidência. A mim me parece ser muito difícil generalizar o que um povo ou nação pensa a respeito de outo povo ou páis. Já os governos falam o que falam. São temáticos ou pragmáticos, dependendo do povo ou das circunstâncias, os conceitos ou apreciações serão mais ou menos duros…ou flexíveis. EUA e Irã têm regado suas diferenças ao longo de décadas com maiores ou menores contundências. Falo dos governos. A sociedade americana se envolve menos em assuntos fora de seus interesses imediatos, exceção os exemplos históricos, como o começo da guerra contra o Japão ou quando da retirada do Vietnan. Por falta mesmo de informação não temos um perfil mais nítido sobre o modo de pensar e agir dos iranianos, falha essa, que o Samyr, mesmo com as dificuldades próprias tem tentado suprir. Tenho esperança, talvez ingênua, que ainda viveremos num mundo mais irmanados, até pelo fato da opção contrária nos obrigarmos a recuar às portas das cavernas de onde começamos nossa jornada.
Os conflitos sempre foram pelo poder. Ao longo dos séculos interpretações dos “escritos” deixados pelo profeta ao sabor de líderes tribais fizeram dos muçulmanos o caos conflitante que existe atualmente, só mascarado pela luta conjunta pelo Islâ. Allah deve estar a pensar se não é hora de colocar ordem nesta casa de marimbondos.O problema é que todos se arvorarão no direito.
Bira,
E os valores da teocracia messiânica israelense completamente incompatíveis com uma democracia?
E os atentados patrocinados por Israel?
E os atentados promovidos por Israel?
E o programa nuclear israelense?
E as ameaças feitas contra Irã e os grupos terroristas que atacam cidadãos estrangeiros patrocinados pelo Mossad?
Haja vista grossa, hein?
Rebatendo está fazendo uma comparação sem sentido!
O q Bira diz talvez acrescentando mais razões para confelito entre Irã e USA, para dizer q este confelito vai muito mais além de magoas e desconfianças!
Se é para comparar eu te pergunto se o Israel masacra o seu proprio povo?
Sim Ameh, Israel massacra seu próprio povo: constrói muros, obriga o serviço militar por mais 3 anos, expõe os israelenses a atentados à bomba, foguetes e morteiros. A teocracia messiânica israelense transformou Israel num estado terrorista, a população vive com medo nas cidades e nos feudos cercados de arame farpados, as “colônias judias”, em pleno território palestino. Tudo o que citei aqui diz respeito aos judeus israelenses, se consideramos que os palestinos estão formalmente em território controlado por Israel nem preciso dar exemplos do quão são massacrados, não é?
Puxa !!! quantas informações exatas!!! parabéns por esta exatidão , por mais de 3 anos!!! muito tempo, né comparando com 33 anos!!!???
Só mágoa e a desconfiança, Samy?
E os valores da teocracia messiânica completamente incompatíveis com uma democracia?
E os atentados patrocinados pelo Irã?
E os atentados promovidos pelo Irã?
E o programa nuclear?
E as ameaças feitas contra Israel e os grupos terroristas que atacam Israel patrocinados pelo Irã?
Haja vista grossa, hein?
Iranianos assim, iranianos assado, iranianos, iranianos, iranianos!!!!
Parem com isto por favor, a grande maioria não tem nada a ver com estas coisas.
Iranianos imploraram para Hillary Clintoon fazer alguma coisa, alguma ajuda no meio comunicação internacional, facilitar a imegração iraniana para USA, ajudar os estudantes irananos nos USA e …
Se existisse tantos anti americanos porq é tem a MAIOR comunidade iraniana nos Estados Unidos?
Vcs não tem ideia q coisas os iranianos fazem para um visto dos americano ou canadense!
Samy por favor presta atenção os iranianos dentro do irã na sua maioria tem medo, muito medo e vc nemsabe da missa pela metade.
Bravooo. Ameh disse exatamente oque acontece na realidade, e bem por ai mesmo, acredito tb nisso, a esmagadora maioria dos iranianos admira a liberdade do ocidente, nao vamos confundir liberdade com libertinagem ok??.
No Irão há(ou/ havia) outdoors de “mártires Palestinos”, um deles de uma mulher bomba , com a inscrição mais ou menos assim : “Fulana de tal mártir com 2 filhos, amava seus filhos, mais amava mais ainda o martírio”. Elogio a uma assassina. Bizarro. Cadê a fotos dos assassinados e suas famílias ? seus filhos ? Porque então durante o encontro da NAM exibiram um cartaz do cientista assassinado pelo Mossad e não dos assassinos ? Incoerência essa do Irã. Só deixando claro que não sou contra os palestinos, mas acho que judeus e palestinos são farinha do mesmo saco.
Ah mais como são tolos alguns iranianos, propaganda barata que aos olhos dos cultos iranianos nada significa. Tendo a crer que a grande parte dos iranianos não tem nada contra os Estados Unidos ou pelo menos não um sentimento de inimizade. Deve ser mais ou menos como na America Latrina, focos isolados de anti americanismo.