Pérolas de música iraniana
10/09/12 15:31Canto tradicional, flauta, rock, blues… o Irã tem uma produção musical farta, variada e original, que transcende o tempo e a política.
O governo teocrático implementado após a Revolução Islâmica de 1979 impõe algumas proibições, como o canto feminino. O regime também exige que todo álbum seja submetido à aprovação do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica antes de ser lançado no país. Mas na verdade a música, ao contrário do cinema, está longe de ser uma preocupação séria das autoridades. Ou seja que na prática o Irã tem uma oferta de música nacional impressionante.
Compartilho com vocês alguns achados, do tradicional ao moderno. Dispensei o tuntistun pop horrendo que toca na maioria dos taxis de Teerã.
Reza Shajarian, um dos maiores nomes da música tradicional persa ainda em ação.
Voz poderosa e melancólica (longa introdução antes do canto)
Sharam Nazeri, música tradicional persa, canta em farsi e curdo
Dramaticidade na interpretação, bela complexidade musical (começa pra valer depois de 2 minutos e 25 segundos)
Ghamar Ol-Molook Vaziri, primeira cantora iraniana a apresentar-se em público e sem véu, morreu em 1959
Voz técnica e poderosa (a reprodução da gravação antiga é de má qualidade)
Hasan Kazaei, o grande mestre do ney, espécie de flauta típica da Pérsia
A variedade que Kazaei tira de uma simples flauta é impressionante
Bomrani, sexteto de blues e country que faz sucesso no circuito underground de Teerã Ensaio de blues
Clipe caseiro divertido, numa pegada mais country
Pooya Mahmoodi, músico que mistura rock, blues e canto tradicional persa
Moderno e bem produzido
Recente reportagem da BBC sobre a cena musical iraniana
Samy, disparado seu melhor post até hoje. A flauta de Hasan Kazaei é um sonho mágico. Parabéns!
Não sei se as regras do blog permitem, mas gostaria de comentar sobre uma postagem anterior cujos comentários aparentemente estão fechados. Os comentaristas de seu blog fizeram confusão entre aparência física (ou o que alguns chamam de raça) e grupo étnico-linguístico. A maioria dos indianos são indo-europeus (vide o nome) e como todos sabemos possuem aparência bastante diferente dos europeus. Já dentro da própria Europa há grupos não indo-europeus, como bascos, húngaros, finlandeses e estonianos. Todos, como sabemos, parecem europeus. Os próprios azeris mencionados no texto se parecem na verdade mais europeus que os persas, em média. Khamenei é um bom exemplo disso. Enfim, as pessoas confundem “indo-europeu” com “branco” ou “aparência europeia”, nem A implica em B, nem B implica em A. Uma pequena explicação, espero não ter sido incoveniente. Se possível gostaria que esta mensagem fosse colocada na postagem adequada, senão pode ficar aqui.
Meu amigo, belas dicas. Obrigado!
Samy, mais um t4exto excelente.
Gostaria que vc abordasse oportunamente se a escrita iraniana é igual à escrita árabe.
Como não entendo uma nem outra me parece tudo igual.
Quando vejo no Youtube algum video sobre música oriental eu curto muito mas não sei de que pais é pois está tudo escrito em árabe (ou será iraniano?)
Fala Samy ! Da uma olhada nesses caras da diáspora que moram em Londres. Música “bandari” interessante.
http://www.youtube.com/watch?v=8ydogsC2Pvo&list=FL-5MMv_N-L-fXakLpDLCf8A&index=28&feature=plpp_video
Abs e aproveita ai !
Parabéns pelo seu trabalho sempre tão lindo! Estar no Irã e mostrar ao mundo a riqueza deste país é com certeza uma grande riqueza para vc e para nós que recebemos com o coração seus textos.
Um gde abç, Juliana
Somente entendemos a beleza da cultura quando a vivemos, é como ir a um buteco no interior de são paulo e escutamos a musica caipira ou a um festejo no nordeste e curtirmos um forró.
A mesma coisa é irmos ao Irã e escutarmos a musica nativa em um taxi, aprendi a admira-la na ponte dos 33 arcos em Isfahan, quando os jovens a cantam debaixo dela, aonde tem uma acustica de dar inveja em muito teatro, realmente a melodia é linda, pena que não tenho o dominio do farsi para entende-la.
A Revolução Islâmica de 1979 impõe algumas proibições, como o canto feminino?
Admiro o Irã por sua cultura e história (e dos árabes também) e certamente é um dos locais que gostaria de visitar. Mas o tratamento dispensado às mulheres é algo difícil de engolir. Certas regras beiram o absurdo e, certamente, reduzem o potencial humano de uma nação. Não tenho como não protestar contra isso.
Salam Samy, belíssima viagem musical. Diria que é algo quase inédito mostrar alguma coisa do cenário musical iraniano para o público brasileiro. Acho oportuno lembrar que parte expressiva da produção de música iraniana contemporânea está fora do Irã, representada pela grande comunidade da diáspora em Los Angeles, nos EUA. E nesse circuito estão muitos grandes nomes que fizeram fama em sua terra natal antes da Revolução como Andy Madadian, Ebi Hamedi, Googoosh, Leyla Forouhar, Siavash Ghomeishi…
*Uma correção: no 1° vídeo a música é interpretada pelo maestro Mohammad Reza Shajarian e o título da música é “Baran”.
Shahram Nazeri já esteve no Brasil no festival “Rota de Abraão” no palco do SESC Pompéia SP em 2001.
Parabéns pelos artigos Samy!Tenho acompanhado suas experiências no Irã..Adorei o “tuntistun pop horrendo que toca nos taxis de Teerã”..Fechei os olhos e voltei ao pouco tempo que estive aí em 2010!Abçs..
Confesso que não consigo notar diferença ná música persa e na música árabe, mas os instrumentos são lindos. Adoro um música um pouco mais pop Samir, Dobareh http://www.youtube.com/watch?v=abITwKu1tUE . Samir, Dobareh