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Samy Adghirni

Um brasileiro no Irã

Perfil Samy Adghirni correspondente em Teerã.

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Miscelânea e regionalismos iranianos

Por Samy Adghirni
30/07/12 11:45

O Irã está entre os 20 países do mundo com maior território (1,6 milhão km², soma de Egito + França) e população (75,2 milhões, segundo resultado do censo de 2011 divulgado ontem). E como quase todo Estado nestas dimensões, abriga etnias, religiões e culturas muito diferentes, formando identidades regionais pronunciadas – além, é claro, de gerar estereótipos generalizados sobre cidadãos de cada parte do país.

Os persas compõem mais da metade da população nacional e, com isso, representam o grupo mais influente na identidade iraniana, da música ao idioma dominante. Os principais postos no governo tendem a ser ocupados por persas, majoritariamente muçulmanos xiitas e etnicamente pertencentes à linhagem de povos indoeuropeus. Longe de formar um grupo homogêneo, dividem-se em perfis culturais que variam de acordo com cada cidade, alimentando todo tipo de clichês. Os persas de Isfahan são vistos como astutos e pão duros e os de Teerã, como pretensiosos e metidos, refletindo um estereótipo negativo padrão contra moradores de grandes capitais.

Os persas de Yazd e Meshed carregam a imagem de devotos e conservadores. Já os habitantes de Shiraz são tidos como hedonistas e preguiçosos. A cidade de Rasht abriga, segundo mencionado no guia de turismo “Lonely Planet”, homens sexualmente ultraliberais que toleram inclusive a infidelidade das esposas. Ainda mais politicamente incorreta é a reputação de outras cidades, como Qazvin, mas melhor deixar pra lá.

Quase todos os demais grupos étnicos não descendem da linha indoeuropeia. Cerca de 20% dos iranianos são da etnia azeri, nome originalmente atribuído aos cidadãos da província limítrofe ao Azerbaijão (noroeste). Os azeris, também xiitas em sua maioria, são chamados de “turcos” porque falam um dialeto derivado da língua dominante na Turquia. Controlam boa parte do comércio nacional e, embora pouco presentes no governo, têm como maior expoente ninguém menos que o próprio líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.

Azeris da cidade de Tabriz são enxergados como financeiramente ricos e intelectualmente retrógrados e os de Orumiyeh, como tolerantes e boa praça. A região abriga, segundo muitos iranianos, a melhor gastronomia do país.

O terceiro maior grupo étnico do Irã é formado pelos curdos, estimados em seis milhões de pessoas, a maioria muçulmanos sunitas. Boa parte deles vivem na Província do Curdistão, na fronteira com o Iraque (oeste). Falam o idioma curdo e sentem-se parte de uma imensa nação sem pátria que se estende ainda por Síria, Turquia e Iraque. Vistos como guerreiros de sangue quente, costumam ser temidos pelos demais iranianos.

Os árabes (maioria de sunitas) formam, ao lado dos cristãos assírios, a pequena parcela semita da população iraniana, estimada em 2%.

O Irã tem ainda várias microcomunidades étnicas, como baluques (sunitas), luros (xiitas), armênios (cristãos), turcomenos (sunitas) e pashtuns (sunitas). Os judeus e zoroastras iranianos são quase todos persas.

O censo de 2011 também mostrou que 99,4% dos iranianos são muçulmanos e que 55% da população tem menos de 30 anos. A taxa de analfabetismo é de apenas 7%. Com 11,2 milhões de pessoas conectadas, o Irã tem a maior comunidade de usuários da internet no Oriente Médio.

About Samy Adghirni

Samy Adghirni, 34, é correspondente da Folha no Irã. Está no jornal desde o fim de 2007. Cobriu as revoltas árabes no Egito, na Tunísia, na Líbia e na Síria e fez reportagens no Iraque, Iêmen, Síria, Cisjordânia, faixa de Gaza, Turquia, Marrocos, República Dominicana, Equador, Argentina, EUA, Suécia, Bélgica e Finlândia, entre outros países. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Stendhal de Grenoble (França) em 2001 e trabalhou em Paris para as rádios BFM e Radio France Internationale. Em Brasília, foi setorista de Itamaraty e colunista musical pelo "Correio Braziliense" e colaborador da agência France Presse.
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Comentários

  1. Maria comentou em 03/08/12 at 7:37

    O autor do artigo só esqueceu de mencionar a situacao das mulheres no país em questao.

    • Samy Adghirni comentou em 06/08/12 at 23:20

      Procure nos posts anteriores e verá que a situação das mulheres foi mencionada à exaustão.

  2. Guilherme comentou em 02/08/12 at 12:59

    Os armênios não são semitas. São Iindo europeus tb.

    • Samy Adghirni comentou em 02/08/12 at 14:48

      Você está certo, Guilherme, o erro foi corrigido. Obrigado.

  3. Francisco Ramos da Silva comentou em 01/08/12 at 13:55

    Samy, gostei muito do trabalho realizado pois gostaria de conhecer essa diversidade que é uma prova de unidade.
    Francisco

  4. leandro comentou em 01/08/12 at 0:06

    Samy,
    Gosto muito do seu blog! Já está nos meus Favoritos desde o começo das postagens 🙂
    Qdo voce diz que os persas possuem origem indoeuropeia, isto quer dizer que eles são caucasianos? Pelas fotos, pra mim eles parecem fisicamente muito com os europeus…
    Obrigado!

    • Samy Adghirni comentou em 01/08/12 at 5:53

      Isso mesmo, Leandro, muitos persas tendem a ter um tipo físico mais parecido com europeus.

    • José Henrique comentou em 02/08/12 at 12:51

      Leandro, fui conhecer o Irã em maio, por 17 dias. Algumas persas são muito, muito bonitas. E têm um charme feminino sutil, que a gente raramente encontra hoje no Ocidente. A melhor descrição desse tipo de charme seria assistir a algum filme estadunidense dos anos 50 ou 60. E apesar de o Islã recomendar que as formas femininas não apareçam através das roupas, essa regra é frequentemente descumprida.

  5. amilton comentou em 31/07/12 at 9:27

    gosto muito do seu trabalho em mostrar para muito a realidade do cotidiano e a cultura iraniana adoro ler seu artigo

  6. José Henrique comentou em 31/07/12 at 8:05

    Que post maravilhoso! Essa parte da cultura é a que eu gosto mais. É fascinante ver a diversidade humana, num país com uma História exuberante.
    *
    Achei Shiraz uma delícia. Cidade leve, gente alegre pelas ruas, divertida, famílias jogando vôlei nas praças, aos gritos. Até namorados de mãos dadas. Não é a toa que é uma das duas cidades preferidas pelos casais em Lua de Mel. E tem o mausoleu de Hafez, uma coisa muito linda. Hafez era sufi, uma das linhas mais belas do Islamismo, a minha favorita.
    *
    Nos EUA, as pessoas têm a mesma opinião sobre Nova Iorque que os iranianos têm de Teerã. Achei isso curioso.
    *
    Samy, no mapa, Bandar Abbas aparece duas vezes, inclusive no Norte. Deve ser um equívoco, ou existem duas?
    *
    Vou incluir Rasht na próxima viagem. (Risos)

  7. Janaina Elias (Blog Chá-de-Lima da Pérsia) comentou em 30/07/12 at 15:41

    Muito bom texto Samy! Esclarece o que pouca gente sabe sobre o povo do Irã. Essas diferenças regionais, apesar de serem um preconceito bobo não deixam de ser um tanto engraçadas, bem parecido com o que acontece aqui no Brasil em relação ao sudeste-nordeste etc. Lembrei agora de 3 filmes que mostram as diferenças regionais marcantes no Irã:
    “Baran” de Majid Majidi (que mostra várias etnias de trabalhadores iranianos, além de imigrantes afegãos)
    “Bashu, o Pequeno Estrangeiro” (Bahram Beizai) um menino de pele escura do árido sul do Irã que é adotado por uma mulher gilaki do norte verdejante.
    “O Dia em que me tornei Mulher” (Marzieh Makhmalbaf) que mostra os povos do sul do Irã, que tem muito mais semelhaças com os árabes do Golfo.

    Abraços!

  8. Evandro comentou em 30/07/12 at 13:21

    Parabéns pelo texto. Gostei de saber um pouco do que os iranianos pensam de si.

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