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Samy Adghirni

Um brasileiro no Irã

Perfil Samy Adghirni correspondente em Teerã.

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Irã, o país dos feriados

Por Samy Adghirni
18/06/12 08:36

No fim da manhã de hoje saí de casa para trocar dinheiro e passar no supermercado. Virando a esquina me deparei com todas as lojas fechadas. Trânsito fluído e pouca gente na rua. As suspeitas se confirmaram depois que eu liguei para a minha assistente: sim, hoje é feriado. Mais um feriado, duas semanas após o mais recente. É feriado que não acaba.

Nesta segunda-feira 18 de junho (29 de khordad no calendário persa) se comemora o aniversário da primeira revelação do Corão ao profeta Maomé. No dia 5 de junho a nação celebrou a morte do imã Khomeini. Daqui a duas semanas, outro feriado, pelo aniversário do imã Mahdi, personagem central do xiismo. Em agosto haverá três dias parados.

Existem 26 feriados no calendário oficial iraniano, o que dá uma incrível média superior a dois por mês.

No Brasil contei 11 feriados nacionais, alguns dos quais, como Carnaval, com vários dias de recesso. Nos EUA, em torno de seis, dependendo do Estado.

Só o imã Hussein, mártir original do xiismo, tem três comemorações nacionais no Irã: Asua, véspera de sua morte; Ashura, data de seu cruel fim; e Arbaeen, pelos 40 dias de seu falecimento. Mártires, aliás, são festejados aos montes _Ali, Zadegh, Mahdi, Hazart Fatemesh e Reza têm cada um ao menos um feriado em sua homenagem.

A Revolução Islâmica é festejada três vezes. Tem o aniversário dos levantes de 5 de junho de 1963, tidos como o início do despertar popular que derrubou a monarquia, o da vitória sobre o xá (11 de fevereiro) e o do referendo que fez surgir a República Islâmica (31 março).

O feriado mais curioso é o Dia da Natureza, em 1º de abril.

Quase todos esses recessos foram criados pelo regime islâmico, embora também haja celebrações pagãs ou que remontam a tempos pré-islã, como o Ano Novo Persa, o Nowruz.

No início eu ficava enlouquecido com tantos dias sem poder fazer entrevistas ou tomar um café fora de casa, mas já me acostumei. Tem até o lado bom de poder curtir Teerã sem trânsito e com ar menos poluído.

About Samy Adghirni

Samy Adghirni, 34, é correspondente da Folha no Irã. Está no jornal desde o fim de 2007. Cobriu as revoltas árabes no Egito, na Tunísia, na Líbia e na Síria e fez reportagens no Iraque, Iêmen, Síria, Cisjordânia, faixa de Gaza, Turquia, Marrocos, República Dominicana, Equador, Argentina, EUA, Suécia, Bélgica e Finlândia, entre outros países. Formou-se em Jornalismo pela Universidade Stendhal de Grenoble (França) em 2001 e trabalhou em Paris para as rádios BFM e Radio France Internationale. Em Brasília, foi setorista de Itamaraty e colunista musical pelo "Correio Braziliense" e colaborador da agência France Presse.
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Comentários

  1. José Henrique dos Santos comentou em 24/06/12 at 10:56

    O feriado de celebração da Confraternização Universal é 1º de Janeiro em todo o mundo. Não sei no Irã e em outros países que têm um calendário próprio, não gregoriano.

    Existe a partir de Nova Iorque um certo movimento para não se comemorar o Natal como festa cristã, e sim como festa do Papai Noel, eliminando todas as referências a Jesus Cristo.

  2. José Henrique dos Santos comentou em 24/06/12 at 10:47

    Li que nos EUA há um feriado religioso de Israel que se comemora também lá, o Yom Kippur, salvo engano um feriado bancário. Coisa mais esquisita um país comemorar o feriado de outro no seu próprio território. Acho que é o único caso no mundo. Já em Portugal, por causa da crise, resolveram suprimir feriados, o que afetou justamente o setor de turismo.

  3. Benny Assayag comentou em 23/06/12 at 20:06

    Se o Irã é o país dos feriados nacionais, o que se diria do Brasil com feriados de cortesia prá tudo que é Santo católico? Com todo respeito a qualquer religião professada no Brasil, mas feriado religioso num país laico é algo surreal. Natal já é festa universal, consagrada como uma espécie de dia de celebração da paz ou coisa assim. Mas, e o resto? Já disse e repito – com todo o respeito que toda religião merece.

  4. José Henrique comentou em 23/06/12 at 11:16

    Samy, com o recente golpe de estado no Paraguai, acho que seria interessante uma reportagem sobre o primeiro desse tipo de golpe patrocinado pela CIA: contra Mossadegh no Irã, depois de ele nacionalizar o petróleo. Li o livro “O Xá dos Xás” recentemente e só então entendi que a época mais democrática do Irã foi justamente a de Mossadegh, governo de tendência laica, antecedido e seguido por ditaduras cruéis dos Pahlevis e suas SAVAK.

  5. José Henrique dos Santos comentou em 20/06/12 at 21:34

    Samy, uma vez eu li que o Japão tem mais feriados do que o Brasil. Ou seja, não seria o número de dias livres que faria a diferença entre país desenvolvido e subdesenvolvido, mas sim a produtividade nos dias destinados ao trabalho, além de outras mil variáveis. Alguém aí sabe quantos feriados existem no Japão, para confirmar?

    • Lau Macedo comentou em 23/06/12 at 20:11

      No Japão deve ter tanto feriado que criaram um até para homenagear o ator Tom Cruise. Parece brincadeira ou sacanagem, mas é verdade mesmo.

      • José Henrique dos Santos comentou em 24/06/12 at 10:49

        Lau, você está brincando, não é? Onde a gente acha o número de feriados no Japão? Tentei e não consegui uma fonte confiável.

        • Lau Macedo comentou em 24/06/12 at 14:21

          O “Tom Cruise Day” é comemorado em 10 de outubro e não deve ser feriado nacional. Entretanto, parece-me que são 24 dias no ano, de feriado no Japão ou coisa assim. Veja: http://www.japan-guide.com/e/e2062.html

          • José Henrique comentou em 24/06/12 at 17:38

            Sr. Lau, muito obrigado.

            Estranhei não haver feriado em memória das vítimas dos EUA em Hiroshima e Nagazaki. Deveria ser um feriano mundial.

            Interessante também que se o feriado cai no domingo, a segunda também vira feriado e se o dia útil fica entre dois dias de feriado, ele também se converte em feriado.

            Assim, de fato se confirma o que eu tinha lido: o que importa não é o número de dias feriados ou de trabalho, mas a produtividade em si. Valeu!

            Abraço, José

  6. Neco comentou em 20/06/12 at 18:38

    Samy, eu curto muito seus artigos. Elu fico louco da vida quando por aqui pessoas incluem o Iran entre os paises árabes. Da mesma forma quando se trata os árabes por aqui como turcos. Que ignorancia!

  7. Francisco Nasimento comentou em 20/06/12 at 8:32

    Que bacana isso. Parece que o lucro não está em primeiro lugar e sim Deus.
    Ar mais limpo…..precisamos esvaziar nosso copo, desligar. A mídia pinta um Irã sempre malvado com as mulheres, mas assisti o filme “A separação” e me encantei com muitas coisas de lá. Por exemplo a forma de resolver questões com juiz são bem rápidas.

  8. Adib mohamad halabi comentou em 19/06/12 at 15:01

    amigo samy ,e amigos leitores ,
    o povo que nâo tem passado e um povo que nâo da valor para o presente e muito menos esperança para o futuro ,o povo iraniano e o comando da republica islamica ,unidos pela sua cultura,a razâo de tantos feriados .

  9. Isa comentou em 19/06/12 at 12:12

    Mais um post bom de se ler! Parabéns!Eu tenho uma dúvida em relação à língua do Irã: é farsi? E o persa? São duas línguas? Se for assim, por que você aprende farsi e não persa? Gostaria muito de uma resposta.

    • Samy Adghirni comentou em 19/06/12 at 14:48

      Isa, farsi e persa são sinônimos para o idioma dominante no Irã. Originalmente é a língua parsi, do povo pars (persas), mas a invasão islâmica pelos árabes, que não têm o som “p”, botou um “f” na frente, e predominou a lei do invasor.

  10. Flavio Lima comentou em 19/06/12 at 11:05

    Samy, tenho acompanhado seu blog com muita curiosidade e atenção, pois acho o Irã um país fascinante. Gostaria que mencionasse em um artigo sobre a perseguição aos cristãos não oficiais (não- armênios) e a proibição de pregação religiosa não-islâmica em farsi. Também sei da existência de cultos protestantes e católicos secretos nos lares (chamados de igrejas domésticas) e o forte crescimento do cristianismo entre jovens iranianos. É verdade tudo isso?

    • Samy Adghirni comentou em 19/06/12 at 11:52

      Flavio, há plena liberdade de culto para judeus e cristãos armênios e assírios. Há sinagogas e igrejas por toda parte. Publiquei no domingo retrasado na edição impressa da Folha de S.Paulo uma ampla reportagem sobre os judeus iranianos. Em dezembro escrevi sobre o Natal em Teerã. Mas, de fato, há restrições aos cristãos evangélicos, vistos como mais propensos ao proselitismo e à pregação, considerados crimes e passíveis de penas pesadas. Sei que há algumas pessoas se convertendo ao cristianismo, mas quem abandona o islã pode, em tese, ser condenado à morte. Isso dito, a pena capital por apostasia nunca foi aplicada. De qualquer maneira, me parece que o crescimento do cristianismo é um fenômeno marginal.

  11. mylton comentou em 19/06/12 at 8:17

    Fazendo as contas, 29 dias de feriado (01 mes aproximadamente) tem mais 30 dias de férias?
    No ano de 12 meses ficamos dois em casa!
    Não é atoa que o Irã é o pais dos piqueniques.
    O duro é que não tem diversão aí para “curtir” os feriados.

  12. Neco comentou em 18/06/12 at 18:59

    Samy, muito interessante seu artigo. E tem gente que acha que tem feriado demais no Patropi. Unica coincidencia de datas foi o 31 de março, quando aqui era comemorado o Dia da Revolução (pela extinta ditadura militar).
    Talvez lhe interesse saber que ontem 300 pessoas protestaram em Ipanema contra a vinda do Ahmadinejad a Rio+20, alegando que ele prega a intolerancia religiosa, cultural e opção sexual. Samy, vc que está no Iran – é verdade isso?

  13. Alexandre P Vasconcelos comentou em 18/06/12 at 18:56

    Caro Samy como sào tratados os pacientes psiquiatricos e creches criança abandonada

  14. Daisy Coelho comentou em 18/06/12 at 15:32

    Ah” Fala sério . Sinceramente não fico surpresa,tudo bem que estas a falar de feriados nacionais. Com curiosidade,será que por lá eles tem muitos feriados estaduais e municipais ,como absurdamente temos por aqui :/

    • Samy Adghirni comentou em 18/06/12 at 16:32

      Daisy, o Irã é um país bastante centralizado, as Províncias (equivalentes aos Estados) e municípios têm pouco poder, todos os feriados são decretados pelo governo central.

  15. Tárcio Leotério comentou em 18/06/12 at 15:07

    Olá Samy, eu sempre acompanho seu Blog com entusiasmo pois sempre quis conhecer o Irã!

    Gostaria de sugerir um tópico futuro em seu Blog, sobre os judeus Iranianos ou sobre a comunidade armênia que é bastante presente no país.

    Um grande abraço e parabéns!!!

    • Samy Adghirni comentou em 18/06/12 at 16:30

      Tárcio, publiquei alguns dias atrás na versão impressa da Folha de S.Paulo uma ampla reportagem sobre judeus no Irã. Está lá no site, só para assinantes.

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