Diplomatas e seus deslizes
25/04/12 18:22Ao saber que eu era brasileiro, o vendedor de produtos de cozinha num bazar de Teerã perguntou: “como é essa história do diplomata iraniano no Brasil que fez coisa errada com crianças?”.
A partir dali não restou dúvida: o caso envolvendo um alto funcionário da Embaixada do Irã acusado de bolinar meninas com idade entre 9 e 15 anos numa piscina de Brasília já está na boca do povo em Teerã.
A mídia estatal manteve silêncio, mas o incidente bombou na internet e nos canais de TV por satélite emitidos por iranianos na Europa e em Dubai.
Contei ao vendedor o que eu sabia, e ele emendou: “aquilo foi muito, muito errado. Peço desculpas em nome do meu país”.
Em várias outras ocasiões nos últimos dias fui interpelado sobre o ocorrido. Hoje ouvi um iraniano tomar partido em favor do acusado, dizendo que o diplomata talvez estivesse simplesmente ensinando crianças a nadar.
O assunto também caiu no burburinho das rodas diplomáticas em Teerã. E todo o mundinho das embaixadas se lembra de como o regime reagiu alguns anos atrás, quando um diplomata suíço foi flagrado em pleno amasso com uma iraniana numa barraca. O funcionário foi declarado persona non grata e teve que sair do país por manter relações íntimas num lugar público com uma mulher com quem não era casado.
O fato é que diplomatas sempre aprontaram, independentemente de sua origem, status ou religião. Em meados dos anos 90, o número dois da Embaixada da França em Brasília foi denunciado por fazer sexo com meninos de rua, a quem ele supostamente fornecia droga, segundo alguns relatos. Teve que voltar para Paris. Em 2007, Israel chamou de volta seu embaixador em San Salvador depois que o sujeito foi encontrado fora da embaixada bêbado, com as mãos amarradas e usando apenas roupas de sadomasoquismo.
Mais ou menos graves, escorregões de diplomatas geralmente não são punidos devido à imunidade assegurada pela Convenção de Viena (1961). O documento que norteia as regras da vida diplomática afirma que funcionários de Estados ou organismos estrangeiros em missão no exterior não podem ser julgados nem condenados. O texto ressalta que os diplomatas devem respeitar as leis do país que os recebe, mas prevalece a certeza de não ter problemas com a Justiça.
O problema maior é quando deslizes individuais de comportamento se intrometem nas relações entre Estados. O governo brasileiro ficou furioso com a reação inicial das autoridades iranianas. A embaixada em Brasília disse que o incidente era fruto de um mal entendido acerca de “diferenças culturais”. Ninguém entendeu, já que no Irã homens e mulheres não podem sequer ficar juntos na piscina. A trapalhada reforça uma tese amplamente difundida: o Irã precisa com urgência de uma boa assessoria de relações públicas.
O Brasil deixou claro o que espera do Irã no caso presente: que seja formalizada a retirada do diplomata. Ele embarcou às pressas para Teerã desde que a denúncia foi destacada na imprensa, mas continua oficialmente credenciado junto ao Itamaraty. Se o Irã não tornar definitiva a sua saída, o Brasil poderá declará-lo persona non grata, o que causaria um embaraço generalizado nos contatos entre funcionários dos dois países.
A relação Brasília-Teerã já andava esfriando desde o início do governo Dilma, que suspendeu os esforços do Brasil na questão nuclear iraniana e parece menos tolerante que o antecessor Lula com a má reputação do Irã em matéria de direitos humanos. Mas Mahmoud Ahmadinejad quer participar da cúpula Rio + 20 e há de se esperar que seu governo se esforçará para aparar as arestas com o anfitrião.
Uma coisa é não querer dar margem à interpretações equivocadas, e julgar previamente uma pessoa. Isso é correto. Suspeito é suspeito, diferente de alguém que já foi condenado.
Outra coisa é atribuir a palavra deslizes às condutas que foram descritas do texto. Fazer sexo com meninos de rua, fornecer drogas, acariciar crianças não são meros deslizes. São condutas criminosas.
Portanto, correto não criminalizar alguém antes de um processo julgado. Mas muito infeliz a adjetivação das condutas como deslizes e escorregões como forma de posicionar-se.
Eis um excelente artigo do Gianni Carta sobre o problema das “diferenças culturais”, no caso do embaixador do Irã e dos “marines” estadunidenses.
O que não entendi no caso dos militares é por que eles não serão julgados, já que não são Diplomatas, mas servidores públicos comuns. Ou a imunidade se estende a eles? Alguém aí que estuda o assunto poderia tirar minha dúvida?
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Gianni Carta
30.04.2012 17:42
Marines que tentaram atropelar brasileira não serão julgados56
Antonio Patriota irá interrogar pessoalmente o diplomata acusado iraniano acusado de pedofilia no Brasil.
Diferenças culturais teriam provocado uma tentativa de atropelamento de uma garota de programa brasileira por parte de marines norte-americanos e abusos sexuais perpetrados por um diplomata iraniano em adolescentes numa piscina. Todos os incidentes teriam ocorrido em Brasília. Os marines, parece, animados por altas doses de álcool seriam adeptos de atos de tortura e até estariam dispostos a provocar a morte de mulheres.
Eis, por exemplo, o balanço do atropelamento da bailarina garota de programa Romilda Aparecida Ferreira, em 29 de dezembro: clavícula e costelas quebradas, perfuração pulmonar. Os culpados seriam quatro marines norte-americanos a conduzir numa van garotas de programa contratadas na Apple, popular prostíbulo de luxo de Brasília.
Segundo Dario Pignotti, correspondente na capital brasileira do diário argentino Página12, os marines arremessaram a moça da van em movimento e em seguida tentaram atropelá-la. Romilda foi abandonada desmaiada.
Washington, segundo o advogado brasileiro Antonio Rodrigo Machado, entrevistado pelo correspondente do Página12, não teve a mais escassa intenção de colaborar com as autoridades brasileiras, visto que os marines logo foram enviados para os EUA sem prestar depoimentos em Brasília.
Recebido na terça-feira em Brasília pelo ministro da Defesa Celso Amorim, Leon Panetta, o secretário norte-americano de Defesa, disse estar indignado com a atuação dos marines. O tema, consta, tornou-se mais importante do que acordos militares entre Brasília e Washington na pauta da agenda.
Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, voltará ao tema em encontro com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton.
Patriota eventualmente também interrogará pessoalmente Hekmatollah Ghorbani, o diplomata iraniano que, entre mergulhos na piscina da capital brasileira, teria acariciado as partes íntimas de meninos e meninas. O porta-voz da Embaixada do Irã, Ramin Mehmanparast, alegou que as denúncias “infundadas” não passavam de um “mal-entendido”.
E tudo, claro, seria resultado de “diferenças culturais”. Ah, essas diferenças culturais.
O choque diplomático entre Brasil e o Irã é grave, mas apesar de Patriota agir com veemência o caso não vai dar em nada. O diplomata iraniano, mesmo se seus supostos atos de pedofilia forem provados, goza de imunidade penal, civil e administrativa.
Por sua vez, Washington deu a entender que o comportamento dos marines entrou nos eixos, pois um manual com novas regras de conduta será estabelecido.
Mas como disse o advogado Rodrigo Machado para o diário Página12, a conduta dos marines “é regra, não exceção”. Portaram-se de forma parecida na Colômbia, na recente Cúpula das Américas, e em El Salvador. Nestes dois países parece que não tentaram atropelar ninguém. No entanto, se fosse provado que houve uma tentativa para matar Romilda, em Brasília, fica uma pergunta: uma significativa parte desse marines fariam parte de um bando de bárbaros? Atrocidades cometidas por vários deles e delas foram documentados no Afeganistão e no Iraque. Uma certeza é que os marines jamais serão julgados no Brasil. E nem o diplomata iraniano.
Samy,
gosto muito do blog, parabéns.
Poderia por favor fazer um post explicando as diferenças comportamentais e de habitos entre iranianos e brasileiros?
Tenho muito respeito e curiosidade de saber quanto a religião e a origem árabe reflete em seu cotidiano..!
Obrigado.
Independente da polêmica do título, vc mantém o tom “leve” desses crimes absurdos ao chamá-los de “escorregões” de diplomatas. Que baita vergonha.
cara Joana, acho que o Blog do Samy não se compara a um programa do Datena ou do Ratinho com termos sensacionalistas nas reportagens e os participantes do Blog podem até cometer o deslize, no sentido de pequena falta, falha ou engano (intencional ou não) de assistir (e confesso eu assisto “de vez em quando”), mas como estou insistentemente repetindo, o nível cultural dos participantes permite a todos interpretar o artigo.
O que nos interessa é que os padrões morais não foram respeitados por um governo, aliás coisa comum aqui na nossa terrinha, quem não se lembra do caso de um ministro que foi dedurado por um caseiro nas orgias que ele organizava ou participava com empresários?
Quem foi que sofreu as consequencias? o coitado do caseiro que teve sua vida exposta a toda a nação.
Compete a nós combater estas falhas morais e desvios de conduta que tornaram-se “normais” na nossa sociedade, afinal ultimamente só falta a Lei do Gerson fazer parte da nossa constituição.
Não que envolva imunidade diplomática, mas lembrei de um caso sobre a Escola Base, que teve sua reputação destruída por causa de uma notícia mal contada…
Muito bem lembrado, Ana Lucia. O caso da “Escola de Base” foi terrível e a mídia destruiu várias famílias, num clima histérico de condenação social. Alguns enlouqueceram, outros se suicidaram, todos faliram, houve quem perdeu tudo e virou morador de rua.
*
A mídia não deve julgar e condenar antecipadamente, porque pode destruir vidas e cometer enormes injustiças. Há inclusive repórteres e donos de revistas que serão investigados numa CPMI instalada no Congresso, pois, no limite, não é impossível que meios de comunicação sejam cooptados e infiltrados pelo crime organizado, mantendo relações promíscuas com ele.
Se o nosso ministro de relações exteriores ficou furioso com a justificativa do Irã de que se tratava de “diferenças culturais”, então é por que ele tinha provas de que talvez não tenham sido apenas “diferenças culturais”. Diplomata não fica furioso sem motivo sério. O próprio porta-voz do ministério das relações exteriores do Irã, sr. Ramin Mehmanparast, disse que “por princípio o diplomata não poderia estar numa piscina mista”, ou seja, se os islâmicos segregam os homens das mulheres nos cultos religiosos, atrás de véus, e nas praias e piscinas desse países, por que o diplomata deles estava numa piscina mista no Brasil?
Não estou falando que esse diplomata é santo ou inocente.
Mas até onde sei, nada foi provado contra esse diplomata. Não houve filmagens, nem fotografias indicando algo.
Vale lembrar que há uma campanha mundial INTENSA para demonizar e desmoralizar o Irã em todos os sentidos, de forma que se consiga apoio de outros países para atacá-lo. Infelizmente, isso pode ter sido armado para prejudicar esse diplomata e ainda as relações Brasília-Teerã…
Se ele realmente bolinou essas meninas, que nunca mais pise aqui no Brasil!
Se não, que os pais dessas crianças sejam processados por calúnia e difamação!
Sim, era nesse sentido que eu apontava a imensa responsabilidade da Mídia, quando divulga casos que passarão pelo crivo moral da população.
Perigoso falar.
Perigoso não falar.
Tenso mesmo.
Armação significa preparar uma armadilha para que outra pessoa caia nela. Pergunto: quem obrigou esse diplomata a ir na piscinha? Ele foi por que quis. E se foi por que quis, pergunto: o que um diplomata de um país que se diz rigorosamente islâmico está fazendo numa piscina mista com mulheres e crianças? Isso é proibido em alguns países muçulmanos, existe segregação entre homens e mulheres nas piscinas, praias e mesmo nos cultos religiosos. O que esse cara estava fazendo numa piscina mista então? Certamente não foi armação.
Ótimo post, Samy. Já estava sentindo falta. De fato, a imunidade diplomática faz parte dos costumes e da Convenção Internacional dos Direitos dos Tratados, aplicando-se a quaisquer países, por pior que seja a conduta individual do diplomata.
*
Lembrei do caso de Dominique Strauss-Kahn. Num primeiro momento, ele era inteiramente culpado. Depois não era bem assim. Posteriormente, surgiram vários processos criminais na França, e também… pedidos de indenização. Quando estive em Estocolmo, conversando com pessoas locais, recebi uma dica para evitar visitar garotas que me convidassem para suas casas, por mais gentis que fossem, pois muitas alegavam depois ter sido vítimas de estupro, sobretudo com estrangeiros, até se resolver tudo por um “acordo”. Lembrei logo do caso do Assange. Felizmente (ou infelizmente), não recebi qualquer tipo de convite de gurias suecas e nem de lugar nenhum. (Risos)
*
Não quero, com isso, negar a gravidade da acusação sobre o diplomata, sobretudo porque teria envolvido crianças. Mas hoje em dia a imprensa tem de ser muito cautelosa, antes de julgar e condenar alguém. Correto seria se ele fosse descredenciado da representação no Brasil pelo próprio governo do Irã e imediatamente.
Meu senhor
Deslize é cometer um adultério, esquecer de deixar o lixo para fora no dia que o lixeiro passa ou parar com o carro em cima da faixa de segurança.
O que esse cara fez foi CRIME.
Aprenda a nomear corretamente as coisas.
Grata.
Prezada senhora Vanessa:
Não se estresse e nem seja deselegante sem que haja motivo pra isso, sim? O autor do texto já explicou acima, inclusive copiando do dicionário um dos significados da palavra “deslize”. Leia com calma e vai se dar conta disso:
Deslize n substantivo masculino
1 m.q. deslizamento (‘ato ou efeito’)
2 falha moral, desvio de conduta ou do dever
3 pequena falta, falha ou engano (intencional ou não)
Observou o ítem número 2 ?
Ficarmos nestas definições semânticas, não nos leva a nenhuma solução, é claro que aqui no blog temos pessoas cultas e que o âmago da questão é o lado devasso do ser humano, não importa a condição social ou cultural do ser humano, é claro que dependendo da sua base cultural ou o meio social sempre encontraremos maiores ou menores deslizes.
O meio em que vive vai determinar sua conduta, por exemplo temos um número assustador de políticos cometendo deslizes quando comparado aos diplomatas ou aos magistrados.
No contesto poderemos citar que pouquissimos políticos não cometem deslizes enquanto pouquissimos diplomatas cometem.
Caro Samy.
Seu texto é bom… bem objetivo. Mas daí a chamar de deslizes esses crimes é meio demais né não? O cara não cometeu uma cagadinha… ele cometeu crimes. Não dá pra suavizar numa dessa!
acho que o Samy está correto no uso dos termos, compete a nós interpreta-los, afinal este blog e o jornal é composto de profissionais e leitores com cultura, acho que nenhum dos participantes gostaria de ler uma reportagem com o título DIPLOMATA PEDÓFILO É PRESO EM FLAGANTE EM BRASÍLIA E O EMBAIXADOR ACHA QUE É NORMAL A ATITUDE DELE, desculpem mas assim parece noticia da imprensa marrom.
Mylton, quando digo que o uso de eufemismos atenua um golpe que é, verdadeiramente, intenso, não peço o uso do jargão sensacionalista em seu lugar. Acho que não se pode generalizar os leitores de qualquer coluna em qualquer via de comunicação (impressa ou online) e isso se prova pela quantidade de asneiras que já li nos comentários dessa coluna e de todas as outras e das matérias, enfim. O papel de um jornalista (ou um colunista ou qualquer escritor) não é camuflar a realidade – ou não deveria ser.
Todos sabemos que existem formas não eufemisticas e igualmente não sensacionalistas de se comunicar e ser verdadeiro e coerente.
não acho que o Samy tenha escolhido esse léxico com a intenção de mascarar qualquer coisa, mas quando passa despercebido assim, a gente dá um toque. Em quem quer que seja.
Mylton, se me permite elaborar um pouco. o problema que enfrentamos no Brasil e outros países é o uso de eufemismos. Está certo, que usar o termo correto, choca. Mas a gente malandramente usa eufemismos para enganar os outros ou a nós mesmos. Pular a cerca. Eu não “traí” minha esposa/parceira/noiva. Eu só dei uma “puladinha de cerca” ha ha ha. Que bom! Não fiz nada de mal nem deixei minha esposa triste ou magoada. Oras, foi só uma escapadinha. Passar a perna. Dei uma passada de perna, mas não causei prejuízo financeiro/moral para ninguém. Puxar o tapete. Não sacaneei ninguém, só puxei o tapete. Se a vítima se esborrachou, a culpa não é minha. Aliviei o caixa da empresa onde trabalho. Dei uma aliviadinha, mas não sou ladrão não! Que é isso! Sou honesto! Só uma aliviadinha não mata ninguém. Abusei de crianças inocentes numa piscinha pública. Pedófilo? Não, jamais! É apenas uma diferença cultural. E por aí vai, de eufemismo em eufemismo vamos anestesiando nossa consciência, vamos borrando a fronteira entre o certo e o errado, vamos misturando o moral com o imoral. E hoje, no país do Gerson quero levar vantagem em tudo, elegemos aí políticos com a nossa cara. Como educaremos nossos filhos? Vamos dizer para eles: façam o que eu digo mas não façam o que eu faço?
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O fato de um adulto, no caso o embaixador de Israel, ser pego bebado e vestido com roupas de sado-masoquismo, é problema dele. Abusar de crianças inocentes, é um crime hediondo que nem presidiário homicida perdoa. Se não fosse a imunidade dos que supostamente abusaram dos meninos de rua e das crianças na piscina, estariam agora de sobrancelha raspada e aguentando o revezamento dos colegas de cela.
caros Eduardo e Aquela Ai’sha voces demonstram cultura no padrão das respostas aos meus comentários, devemos entender que o uso eufemismos nos títulos das reportagens servem para minimizar o impacto na população com menor cultura, neste blog temos a partipação de pessoas cultas, como voces, que entendem o significado do título e a capacidade de analisar o texto com senso crítico social, o importante do texto é que nos mostra o lado “humano imoral” de um grupo social, nos levando a meditar sobre outros grupos, por exemplo a imoralidade dos políticos que já postei comentários neste artigo.
Infelizmente aqui na nossa terrinha nós levamos em consideração somente a imoralidade sexual e não damos atenção a imoralidade ética.
O ser humano é propenso a falhas em qualquer meio sócio cultural, o nosso padrão moral é que vai ditar as regras o grande problema é que aqui no Brasil estamos contaminados pela imoralidade ética, temos que levar vantagem tudo, e nos atemos somente a imoralidades sexuais.
Mas devo concordar com a Bruna Galvão.
Sabemos o quão importante é atentarmos às palavras usadas pra definir situações tão delicadas. E, normalmente, as violências contra determinadas minorias (encaixo mulheres) são atenuadas pela escolha de palavras eufemísticas. Nesse caso, acho que mais que um deslize, esses homens caíram num grande abismo, figuradamente.
Samy, sou leitora assídua desta coluna, da qual gosto muito.
Obrigada por isso. =]
Samy, você até parece a nota repugnante da embaixada do Irã,tal o pouco caso que fez desse crime(é crime no Brasil sabia?)hediondo.As comparações foram ridículas. Pergunta: Tens filhos ou sobrinhos?Como se sentiria se ocorresse com alguém próximo?O iraniano que falou com você teve mais dignidade e senso do que é correto.Que pena cara….
Abuso sexual não é deslize, Amy.
É desrespeitoso falar do sofrimento das mulheres abusadas dessa forma.
Abs
péssimo. compara um diplomata que foi encontrado usando roupas de sadomasoquismo e um outro que bulinou meninas de 9 anos… há uma diferença grande aí. precisa explicar qual é?
“deslize” foi um termo pessimamente empregado.
Deslize n substantivo masculino
1 m.q. deslizamento (‘ato ou efeito’)
2 falha moral, desvio de conduta ou do dever
3 pequena falta, falha ou engano (intencional ou não)
leia-se então titulo do artigo:
DIPLOMATAS E SUAS FALHAS MORAIS
ou
DIPLOMATAS E SEUS DESVIOS DE CONDUTA
3 pequena falta, falha ou engano (intencional ou não)
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PEQUENA FALTA, FALHA OU ENGANO?
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Você quis defender o uso da palavra deslize, mas conseguiu foi provar definitivamente o quanto foi inadequado.
Caro ZLDR, por favor, leia o meu outro comentário abaixo
O ato que o diplomata cometeu não foi falta, falha ou engano ele não falhou ao “bulinar” as adolescentes e crianças ou cometeu o engano da “mão boba”
ou cometeu uma pequena falta de carater
Foi falha moral (nem seguiu os principios morais preconizados pelo Alcorão) e desvio de conduta social
caro ZLDR, poderia tambem interpretar que o diplomata teve o ato ou efeito de deslizar pela piscina e tocar nas crianças
ZLDR, acho que você deveria ler com mais atenção a definição que te enviei.
Samy, leia a definição do dicionário que você mesmo mandou para a leitora cecília lara.
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Deslize é coisa leve, coisa que essa acusação não é.
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Lembra a história do rei nu? Nesse caso, o rei é você, que finge não ver o que todos estão apontando.
Caro ZLDR, FALHA MORAL, DESVIO DE CONDUTA OU DO DEVER não são coisas sérias?
Seria mais interessante nos atermos aos desvios dos principios morais que nos mostra o artigo em vez de discutirmos semântica.
ZLDR, você deveria primeiro aprender a usar um dicionário. A palavra tem três significados e apenas um deles é pequena falta, falha ou engano. O correspondente usou a segunda acepção. Pra bom entendedor, isso basta. Pra não sabe usar o dicionário e quer criar polêmica, não.
Deslize? Desculpe amigo, mas abuso de criança não é deslize nem aqui, nem no irã.
deslize é comer demais quando se está de dieta.
A Convenção de Viena sobre relações diplomaticas é de 1961.
Caro Samy,
pequena correção: Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas – 1961.
Abraços
Fernando
E mais vicioso ainda pois o funcionario nunca vai ser considerado culpado pelos Iranianos pois trata-se de meninas e ainda infieis. Ja nos pises deles, esses peoes podem casar criancas de 12 anos so negociando a dote com os pais da menina. Se fosse com meninos ahi sim que era grave, pois a homosexualidade nesses paises e punido com a morte.Mas mulher nao tem valor para eles. Parece que muitos nao tem a mais minima ideia sobre a cultura Musulmana e ainda menos de paises extremistas como Iran. Eu trabalho em petroleo em Oriente Medio e norte de Africa por mais de 10 anos hoje, e posso lhes dizer que ja vi coisas que nao da de acreditar no 3er milenio. Nem no segundo, alias. Sao coisas da Edade Media mesmo.
Isso de casar com meninas de 9 anos, não é pedofilia. É só uma “diferença cultural”. Certo? Devemos respeitar um costume cultural como esse ou tentar de todos os meios promover a evolução desses povos para o respeito à menoridade sexual das crianças? Está claro que não pode existir nenhum tipo de tolerância para comportamentos culturais ou religiosos prejudiciais às crianças, como esse descrito pelo Guilherme. Isso é cultura tribal da idade média e não cabe num país como o Brasil que busca sempre respeitar os direitos humanos e proteger suas crianças.
Sr. Adghirni,
como é o que o senhor considera uma acusação de abuso sexual – um crime grave, como o senhor deve saber – como “escorregão de diplomata”?
Se coloque no lugar das vítimas e suas famílias, ao lerem sua infeliz consideração. É uma falta de respeito sem tamanho em relação à dor dos outros.
Fica a dica.
Caro,
Gosto do seu blog, mas você cometeu um erro neste post: a Convenção de Viena que versa sobre relações diplomáticas não data de 1969, mas de 1961, com entrada em vigor em 1964 (em 1963, foi celebrada a que tratava das relações consulares, em vigor a partir de 1967). Você deve ter se confundido com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, de 1969, em vigor desde 1980 (entre Estados; a que contempla também organizações internacionais remonta a 1986 e ainda não vigora). Abraço, Flavio
Obrigado pelo toque, Flavio, erro corrigido.
Samy, tudo bem que você se esforce pra botar panos quentes nessa história ao tentar generalizar o fato. Entendemos a situação e respeitamos. No entanto, continuamos furiosos e indignados com esse cidadão e com esse clube de hipócritas que parece que quer livrar a cara dele, principalmente em se tratando do governo do Irã, supostamente tão zeloso das questões morais de seus cidadãos.
Samy, tenho muita vontade de conhecer o Irã. Quando li no jornal essa história do diplomata, fiquei boquiaberto com a justificativa do governo iraniano – e também com a parca repercussão da notícia aqui no Brasil.
Se os pais das crianças não tivessem tomado uma atitude vigorosa, é possível que o funcionário ainda estivesse tranquilamente em solo brasileiro.
Muito bom receber notícias da repercussão em Teerã, terra que a gente costuma imaginar tão blindada quanto a Coréia do Norte ou o interior da China.
O governo do Irã não demonstrou falta de assessoria de relações públicas, demonstrou falta de decência.
Compare com o caso dos americanos que agrediram uma prostituta em Brasília. Antes de sair na imprensa os acusados já estavam fora do Brasil e o governo americano não tentou acobertar.
O governo do Brasil não tem que pensar duas vezes antes de declarar o sujeito persona non grata, o governo iraniano é que deve pensar duas vezes se vai se desculpar ou se vale a pena azedar mais ainda as relações com o Brasil para acobertar esse diplomata deles.
Samy, novamente, parabéns pelo blog.
Falando em política externa, poderia dizer se, ou como, as sanções internacionais (muitas unilaterais) estão afetando o quotidiano da população?
É um bom artigo! Todo mundo sabe das safadezas que rolam soltas nestas embaixadas.
Todo mundo sabe? Eu não sei de nada, mas se de fato existe, gostaria de saber…
Boa explicacao do caso. Admiro a sua objectividade.
Samy, eu que o havia criticado em colunas anteriores gostaria de parabenizar por essa e pela anterior.
Pedófilo com imunidade.Essa e a nossa civilização.Deveria estar preso,mas brasil tudo pode,tudo é permitido e depois responde em liberdade.
Complexo de vira-latas mais desinformação formam um par duro de aturar…….Imunidade Diplomática existe no MUNDO TODO
Acho que cabe aqui uma pergunta, no lugar de tantas afirmações. Atualmente (pensemos na ultima semana) foram dois casos de embaixadores (ou funcionários de embaixadas, pra ser mais genérica e menos acusativa) agredindo – vamos também considerar qualquer tipo de assédio como agressão – civis brasileiros, dentro do território nacional. Não acho que se trata de afirmar que “aqui é tudo festa”, afinal esse também é um estereótipo que temos (e não gostamos), nem de reafirmar que em qualquer lugar isso poderia acontecer.
Acho que podemos nos questionar sobre o porque essas pessoas se sentiram a vontade pra praticar esses atos aqui no Brasil.
E mais, sem defender ou acusar ninguém, esse tipo de evento é sempre uma oportunidade de chamar atenção pra responsabilidade que a midia de massa tem ao afirmar ou confirmar qualquer fato. A partir desta exposição (não dessa, nesse blog, mas da exposição no geral), será culpado, tendo ou não cometido os abusos.
O por que essas pessoas se sentiram à vontade para praticar esses atos aqui no Brasil? Por que sabem que tem imunidade. Isso não foi o fato mais importante. O fato revelador foi o pais de onde veio o cara ter informado publicamente que “se tratava de diferença cultural”. Isso é que foi grave. Por isso o Itamaraty ficou corretamente furioso com o Irã. Pela cara de pau de tentar encobrir um ato hediondo.
Lembro que o vocalista do Megadeath, norte-americano conservador, indignava-se com o atropelamento causado por um diplomata russo bêbado, que resultou na morte de uma cidadã norte-americana. Parece que, afinal, o Brasil não é o único país em que se pode tudo com imunidade diplomática.
TODAS EMBAIXADAS,SÃO TERRITÓRIOS NEUTROS, JURIDICA-MENTE E POLITCA-MENTE,AS EMBAIXADAS SERVEM PARA AS BAIXARIAS, COM IMUNDIDADE TRIPLOMÁTICA,POLITICOS COM POTENCIAL DE DITADORES, SÃO ISOLADOS NAS EMBAIXARIAS,APÓS FAZER CURSOS DE CAFU-NÉS NOS MANÉS.O BRASIL TEM A MAIOR E MAIS CARA REDE DE FRANQUIAS COM EMBAIXADAS NO PLANETA,ESTA EM TODAS,O TEMPO TODO.SÓ GOZANDO.$$$