Ano Novo e sincretismo no Irã
17/03/12 17:24O Irã está mergulhado num clima de alegria, cordialidade e compaixão. O país vive a efervescência que antecede o dia mais esperado pela população: o Ano Novo Persa, conhecido como Nowruz. A virada ocorre na próxima terça-feira (20.mar), quando começam ao mesmo tempo o ano persa de 1391, a primavera e as férias escolares.
A celebração do Nowruz revela muita coisa sobre a complexidade cultural dos iranianos, mostrando inclusive o quanto eles formam um povo com pouca ou nenhuma semelhança com os vizinhos árabes, turcos, curdos etc.
Primeiro, é curioso notar que esta maneira de contar os anos praticamente só existe no Irã, que tem população e governo islâmicos mas não segue o calendário muçulmano tradicional (atualmente em 1433). O ponto de partida é o mesmo: o ano de 622 D.C, quando o profeta Maomé migra da Meca para Medina. Mas os persas adotaram em seguida um calendário solar, enquanto os árabes mantiveram e espalharam ao longo dos avanços islâmicos na Ásia e na África uma contagem lunar, com anos mais curtos. Daí a discrepância nas contas.
Mais curioso ainda é constatar a prática até hoje generalizada de rituais e tradições que remontam ao zoroastrismo, fé local monoteísta e multimilenar que não tem nada a ver com o islã. Dois hábitos com jeito de mandinga me deixaram atônito. Na noite da última quarta-feira do ano persa, as pessoas fazem fogueiras nas ruas e pulam por cima dizendo algo como: “minha palidez amarela é tua, tua ardente luz vermelha é minha”. Praticamente um culto ao fogo em pleno país muçulmano.
Outra prática meio pagã é o Haft Sin, que significa literalmente os “sete S” e visa trazer sorte no Ano Novo. Consiste em montar em casa antes do Nowruz uma mesa com sete produtos cujo nome começa com o equivalente da letra “S” no idioma farsi. A lista padrão inclui maçãs para simbolizar saúde e beleza e um frasco de vinagre que representa paciência e sabedoria, entre outros objetos. Nada disso consta no Corão ou nos Hadiths, os relatos dos companheiros de Maomé.
Alguns clérigos mais conservadores abominam tudo isso dizendo que se trata de superstição, algo incompatível com o islã. Mas um amigo iraniano fotógrafo de uma agência de notícias gringa, sujeito xiita devoto, me explicou que a maioria dos iranianos não vê esses costumes como algo religioso. “Pular a fogueira e montar uma mesa com os sete S é tradição ancestral, faz parte da nossa cultura. Não é porque veio antes do islã que é incompatível com o Corão”.
Bem resolvidos com suas raízes sincretistas, os iranianos ficam eufóricos com o Nowruz. Teerã vibra num clima idêntico ao do Natal ocidental, com lojas e shoppings abarrotados de gente comprando presentes para amigos e parentes. Logo mais a cidade ficará esvaziada, com quase todo mundo viajando. As estradas já estão atoladas de engarrafamentos. Rodoviárias e aeroportos viraram formigueiros de gente.
Quando o movimento das partidas estiver encerrado, talvez já neste domingo (18.mar), Teerã se transformará numa agradável cidade sem trânsito.
O cenário já melhorou muito com a repentina chegada dos dias de sol. Há uma semana a neve ainda batia na janela da minha casa. Hoje já saio sem o casacão de inverno que eu usava desde minha chegada por estas bandas, em dezembro. Chamam isso de “milagre de Nowruz”. Me disseram que nos próximos dias as flores cobrirão parques, jardins e canteiros.
A mania tão iraniana de dar presentes atinge extremos nesta época. Tenho ganhado brindes de vários comerciantes, inclusive do doleiro, que me deu uma agenda com capa de couro. Até o regime me mandou um bonito calendário com delicados votos de felicidade. Minha assistente também recebeu. Colegas jornalistas veteranos no Irã dizem que eu preciso retribuir, no mínimo, com uma caixa de chocolates às moças que servem de interface entre o governo e a mídia estrangeira.
As pessoas também costumam ficar mais genorosas com os necessitados, para que todo mundo possa desfrutar de uma passagem de ano digna.
Nowruz é ainda sinônimo de 13º salário, e nessa eu fui pego de surpresa. Tive que reorganizar minhas contas para pagar o devido mês adicional para a assistente, a professora de farsi e a diarista, que também ganham folga.
Sobre o significado do S não sei o que dizer, mas o Sete tem a ver com Nibiru, o sétimo astro de dentro para fora do sistema solar, que aparece no Enuma Elish sumério como o criador da Terra após a colisão com Tiamat, que originou também o Cinturão de Asteródes que existe entre Marte e Júpiter. Na versão babilônica Nibiru é substituido por Marduk, em homenagem ao deus oficial. Segundo o historiador Zecharia Sitchin, Ahura Mazda não é ninguém menos que o anunnaki/nefilim Marduk.
oi Samy:
é sempre agradável ler o que escreves sobre o povo iraniano (já que não tenho nenhum interesse pelos políticos da vez, sejam de cá ou de lá).
Pude conhecer (com a tua participação) um pouco deste grande país e de seu povo alegre (sim, apesar das circunstâncias), gentil e hospitaleiro.
Tenho grande simpatia pela Pérsia e seu povo que, as mais das vezes, aparecem na mídia como terroristas prontos a se explodir e não como pessoas simples como a gente (a maioria o é, os fanáticos são usados como “boi de piranha”).
Obrigada pela oportunidade de continuar sabendo como vão as coisas por aí.
Feliz Norwuz!!!! adorei a foto!!!
Olá Samy, adoro ler seu blog 🙂
Não sabia da existência dessa data, existem muitos países que apesar de serem de maioria muçulmana, continuam com suas tradições e muitas vezes que não tem nada em comum com o Islam. Os paquistaneses são super super supersticiosos, acreditam em olho gordo e até Voodoo, coisa que é proibida no Islamismo.
Em Manaus, tem uma comunidade pequena de iranianos que seguem a fé Bahai, eles tem uma faculdade e uma escola, eles também ajudam a população mais carente.
Olá Samy, tudo bem? parabéns pelo trabalho.
vc poderia escrever mais sobre o zoroastrismo?
Abraço
Samy, obrigada pelas informações sobre o Irã, aprendi mais um pouco sobre esse país que tem uma cultura milenar. Eu gosto de saber noticias e seu blog traz isso. Beijos
Samy, creio que as diferenças que você narra no blog deixariam atônitos a qualquer um de nós. Gosto da tua aposta nesse linha editorial. Teu blog não deve se prestar a convencer ninguém. Cada um tem suas próprias opiniões. Parabéns.
Samy
Você teve oportunidade de ver mulheres paradas nas ruas´por não estarem vestidas de modo “modesto”, quer dizer aquela roupa que lembra as freiras católicas?
David, isso já aconteceu com duas amigas minhas, irmãs. Passaram duas horas na delegacia e foram libertadas. Mas modo modesto não significa necessariamente chador, ou roupa que lembra de freira, como você diz. A regra é a seguinte: a mulher precisa cobrir cabelo, pescoço, braço e perna, além de evitar mostrar as formas. Para os homens, proibição de shorts ou bermudas.
Parabéns pelo artigo, Sammy.
Viemos parar aqui por curiosidade. Estamos na Australia e aqui havia comemorações do ano novo persa em 17/03. Muito explicativo e bem escrito seu blog, passaremos a visitá-lo. Abs,
Nowruz mubarak, Samy!
Excelente texto. O Nowruz também é celebrado pela curdos! Já foi a Piranshahr?
Abraços
No antigo calendário romano o ano também começava em março – daí os meses 7, 8, 9 & 10 serem setembro, outubro, etc. O ano terminava em fevereiro, e por isso o mês, o último, às vezes tinha 28, às vezes 29 dias, para “fechar” a disparidade entre o calendário lunar (mês de 28 dias) e solar (ano de 365 dias). Aparentemente essa idéia de começar o ano por volta de meados de março tem relação com o equinócio de fim do inverno e chegada do “primeiro verão” – a primavera. Assim, o calendário persa talvez seja apenas um herdeiro de sistemas vigentes na Antiguidade.
podemos observar que a história é sempre a mesma, assim como no calendário gregoriano a igeja católica fez “adaptações” dos cultos ditos profanos na época da elaboração deste, tambem na Pérsia ocorreram “adaptações” da cultura ao calendário.
Mylton, é isso mesmo. E a religião muçulmana assumiu vários aspectos da religião cristã, quando os exércitos das tribos árabes do deserto conquistaram civilizações milenares como o Egito. O Egito era um país cristão e até hoje, 10% da população continua cristã. Tem orgulho de que sua igreja foi fundada por um dos apóstolos de Cristo: o Marcos que tem seu livro incluido na Bíblia. O líder da igreja cóptica é o único além do líder católico que pode usar o titulo de Papa. Ele faleceu esta semana, Papa Shenouda. Durante séculos o Egito pertenceu ao Império Bizantino, cujos imperadores eram cristãos. Por curiosidade, compartilho aqui o link do Youtube para uma música cristã antiquíssima do tempo bizantino, é muito linda a harmonia, era assim que os primeiros cristãos louvavam so Deus: http://tinyw.in/l6tZ . Por exemplo: os muçulmanos em seus cultos ficam de joelhos no chão e se curvam repetidas vezes em direção à Meca. Os cristãos ortodoxos faziam isso, se curvando perante Deus. Alguns estudiosos (Philip Jenkins) afirmam que a própria arquitetura das mesquitas se baseou na arquitetura das igrejas ortodoxas, com seus domos redondos. Mesmo os minaretes seriam adaptações das torres das igrejas ortodoxas e o costume de algumas seitas muçulmanas de acreditar em homens santos, foi copiado do cristianismo. É o resultado do encontro de uma civilização guerreira mas tribal com civilizações milenares culturalmente muito mais desenvolvidas, houve todo tipo de influência cultural, científica e religiosa sobre os muçulmanos árabes.
Caro Eduardo! é interessante como observamos várias coincidencias, ou melhor, similaridades que no fundo foram adaptadas e aproveitadas nas diversas religiões, tenho uma jóia da literatura, o livro Jesus Cristo na mistica Islâmica de AliReza Moosawi, que cita “No pricipio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus”, esta frase está no Evangelho de São João e é a mesma frase no Alcorão sobre Jesus Cristo. Maria, segundo o autor, é mais citada no Alcorão do que na Biblia Sagrada. No fundo todas as Religiões são iguais, assim como os homens, somente temos costumes e tradições diferentes o importante é conhecermos e respeitarmos os diferentes pontos de vista.
Olá Mylton, é isso mesmo. Não há razão para o ódio entre diversas crenças. Cada religião tem seus radicais que tentam destruir ao invés de construir. Isso já aconteceu de modo mais predominante com a religião cristã.Esperemos que essa radicalização fanática que vigora em certas áreas seja condenada ao desaparecimento pelos próprios milhões de muçulmanos moderados que querem viver em paz. Outro dia eu topei com um artigo interessante, sobre o significado do martírio para os cristãos em comparação com os fanáticos terroristas que dizem seguir Alá: no cristianismo, Cristo foi martirizado (entregou sua vida) para salvar outras, segundo o conceito que ele acreditava. Para alguns radicais muçulmanos, o martírio implica não em salvar vidas mas em eliminar as vidas de quem não pensa como eles, sejam muçulmanos moderados como os de outras religiões. http://tinyw.in/RGNh . Aproveito para perguntar ao Samy se há influências do Zoroastrismo do Império Persa na religião muçulmana praticada hoje pela maioria dos iranianos.
Eduardo, há quem diga que o xiismo é carregado de simbologia e ideias inspiradas do zoroastrismo.
Feliz Ano Novo! Feliz Naw-Ruz!!!! Samy! Vamos ter uma linda festa de Naw-Rúz… Excelente texto!
José Carlos, também tenho vários amigos em rede social, são exatamente idênticos nos modos aos que você conhece. Nunca discuti nem política, nem religião com eles, mas me enchem de satisfação ao compartilhar sua cultura e seu modo de vida singular apesar de todas as restrições.
parabéns pela excelente reportagem,imparcial.mostrando que o irã não é do geito que os israelenses,esses sim são repugnantes com suas mentiras demonizando o irã.israel sim é um perigo que precisa ser contido,urgente
Obrigado, Marco, mas por favor evite ofender países ou populações.
foi mal,desculpe.vc ta certo.
Marco, tudo tem que ser analisado com cautela. Coloque-se no lugar de Israel. Um país pequeno, com população limitada, no meio de um mar de centenas de milhões de árabes. Qualquer pavio que acende, e a nação será varrida do mapa. Como é viver isso no dia a dia? É traumatico, posso garantir. Aqui no Brasil estamos preocupados em trabalhar duro para depois jogar nosso futebol no fim de semana. Em Israel, tem que conviver com o desaparecimento de uma nação no dia a dia. Dá até claustrofobia só de pensar. E infelizmente, existem sim – o Samy poderá um dia falar sobre isso – em alguns países muçulmanos o apoio institucional ao racismo contra o povo judeu. Procurem no Youtube o filme iraniano Saturday Hunter, que mostra um rabi que programa seu neto para destruir o mundo. O filme seria risível por sua falta de talento artístico se não fosse lamentável por pregar o ódio contra um povo. Aqui vemos um programa infantil da tv iraniana, fazendo lavagem cerebral em crianças “eu sacrifico meus braços e meus membros” para lutar contra o inimigo (Israel) http://tinyw.in/zSDQ . Serão futuros homens-bomba que matam milhares de inocentes inclusive a maioria são de seus irmãos muçulmanos? Que espécie de governo é esse que permite que instrutores cultivem o ódio em inocentes criancinhas? Infelizmente, essa postura anti-semita de uma minoria denigre o Irã como nação, atrai para lá gente como David Duke (ex-chefe da Klu-Klux Kan racista que matava negros inocentes) além de grupos neo-nazistas que abertamente apóiam as ações de Ahmadinejad. Essa corja (perdão Samy, mas são mesmo uma corja) que se alimenta do esgoto da humanidade, que infelizmente existe por aí pregando o ódio entre raças, povos e paises, encontra apoio por causa dessa política governamental inumana sob qualquer ponto de vista ético, moral ou humanista. Essa associação voluntária de alguns setores do islam com o nazi-fascismo (que data das tropas SS Nazistas promovidas pelo Grande Mufti muçulmano Hadj Amin Al-Husseini nos anos 1940), denigre a religião muçulmana e aqueles muçulmanos que pregam o amor e a paz entre todos nós, inclusive em relação ao povo judeu. Marco: existem sim israelenses fascistas, mas não denigra um povo inteiro por causa de minorias. Existem brasileiros nazistas e nao é por isso que devemos defender a exterminação do Brasil inteiro. Povos querem paz, querem viver normalmente, trabalhar, ter filhos, progredir na vida. Ninguém gosta de violência e guerra. Veja esta excelente iniciativa de um jovem israelense oferecendo amizade ao povo iraniano http://tinyw.in/ziVe que está com milhares de “likes” iranianos no Facebook. Esse é o caminho. Construir pontes com o lado bom da sociedade iraniana, enquanto se combate o lado podre daquele país. É um trabalho esclarecido, como o do Samy aqui nesta coluna.
Olá Samy, estou tendo um pouco de contato com o Irã só agora, que conheci um rapaz Iraniano pela internet, mas vou ler seu blog todos os dias, fico feliz em saber que Irã não é somente sinonimo de “coisas ruins”, é uma pena a mídia internacional só mostrar o lado ruim…
Continue com esse trabalho lindo de levar o desconhecido para o mundo!!!!!!
Abços Jú
Como é o Nowruz dos bahais no Irã?
Carlos, os bahá’is, apesar dos problemas com o governo, comemoram na mesma data que os demais iranianos.
Mas comemoram com a mesma liberdade que os demais iranianos? As instituições religiosas bahá’ís tem liberdade para tal?
Marcos, o Nowruz é festejado principalmente na esfera familiar, e a celebração não é tão diferente entre muçulmanos e baha’is.
Legal! Não sei o quanto isso é delicado para você como jornalista vivendo no Irã, mas seria interessante algum post relacionado a perseguição a minorias como os curdos, baluchis (em certa medida), esquerdistas e bahá’ís. Fiquei impressionado com o que li nesse relatório: http://www.amnesty.org/en/library/asset/MDE13/002/2012/en/2b228705-dfba-4408-a04b-8ab887988881/mde130022012en.pdf
Parabéns pelo blog!
Creio que os bahais festejam na esfera familiar face à proibição de se reunirem. Em outras parte do mundo a celebração é aberta, inclusive aqui no Brasil.
Samy
Mais uma vez parabenizo-o pela excelente matéria. Você tem feito um grande trabalho ao desmistificar o Irã. Infelizmente nem todos enxergam desta maneira e preferem acreditar na CNN ou Fox News.
Tão bom ler um texto falando do Irã e da sua cultura… Não só de violência, repressão vive o Irã. Fico feliz q. este texto traga o outro lado da moeda. Parabéns!
Bonita reportagem.Foge do padrão da mentira midiática.Tem vida no Irã.
Tem vida no Irã. Tem vida na China. E tem vida na Arábia Saudita, na Síria. Tem vida no Tibete e no Iraque. Tinha vida na Alemanha de Hitler. Tinha vida durante a ditadura brasileira. Nossos pais iam trabalhar, levavam os filhos à escola, iam ao supermercado, e quando podiam viajavam de férias. Nem por isso uma ditadura deve ser aplaudida, pelo contrário, deve ser combatida e não deve servir de exemplo. O grande desafio é libertar esses povos de seus opressores internos e externos. Muitos países já conseguiram isso desde há 200 anos atrás, inclusive o nosso Brasil. Para o Irã, é questão de tempo também. O que são algumas míseras décadas de ditadura islâmica, para um país com 5 mil anos de história? Logo tudo isso passa e nos livros de história, será mencionado como um período minúsculo de radicalismo destrutivo e de falta de liberdades individuais, políticas e de expressão, além de opressão às liberdades das mulheres.
Das duas uma. Ou esse correspondente nao sai de casa e vive sonhando com um Irá que não existe ou ele não está no Irã. As matérias são completamente alienadas. o povo do Ira sofre muito com ditadura religiosa, não há liberdade alguma e nem festas que não seja daquela religião maluca. Aliás, festas, virgula, rezas, pura lavagem cerebral. Não sei porque esse jornal apoia esse maluco alienado.
Eu tenho a mesma impressao que voce, Andreas. Nao compreendo o cabimento desse tipo de jornalismo – seria jornalismo-negacao? – que ilude, desinforma. O mundo todo sabe a tensao e agonia que paira sobre aquele pais e, enquanto isso vemos esse pessoal discutindo quinquilharias dignas de quem viaja em tapete-voador. Soh no Brasil…
Bosco, você está enganado. Não é só no Brasil que as pessoas tentam enxergar o Irã para além do seu governo. Se estiver realmente interessado em ver as coisas como elas são, dê uma olhada nesta artigo publicado dias atrás na “Foreign Policy”, respeitadíssima revista americana sobre temas internacionais. O texto leva um nome sugestivo: “Misreading Tehran”.
http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/03/15/misreading_tehran
Andreas, sinto muito que não consiga enxergar além das suas ideias padronizadas. Problemas existem e eu jamais neguei isso. Só tento mostrar que o Irã não se resume ao que todos já sabem ou PENSAM saber. Todos aqui podemos conversar numa boa, mas a sua agressividade é inaceitável. Se recorrer novamente a insultos terei de excluir seus comentários.
Samy, te apresento um troll e te deixo o aviso que outros chegarão. Abraço! O blog é ótimo, ultimamente tenho assistido muitos filmes iranianos e posso entender um pouco desse país tão mistificado por falsas informações.
Bem vindos, Trolls!!! hehehe!!! Parabéns, Samy!
Nem tudo é perfeito! Mas demonizar uma nação – para os trolls de plantão, vão pesquisar o CONCEITO de nação – só pra usurpar o seu TERRITÓRIO, não dá!!!
Parabéns atrasados!!! Salaam!!
caro Samy, não concordo com a exclusão dos comentários do(a?) Sr (a?). Andreas, afinal temos que, dentro da imparcialidade, analisarmos as diferentes opiniões, MESMO DAQUELES QUE TEM A VISÃO LIMITADA, afinal o seu blog é direcionado principalmente a mostrar que existe algo alem do jardim dos interesses politicos e/ou comerciais, a visão de uma sociedade e cultura de um país milenar, com suas virtudes e vicios. A participação da opinião dos radicais no seu Blog mostra a importancia das suas reportagens, caso os radicais queiram ler sobre os problemas que leiam na Folha online ou na versão impressa as suas reportagens.
Sr. Mylton, acho que a diversidade de ideias é válida e construtiva. No entanto, a agressão gratuita a outros leitores não deve ser tolerada pelo Jornalista, porque, em última análise, termina afastando outros comentaristas, que estão interessados numa cultura diferente, e não em insultos ou desrespeito. Já li o Sr. Eduardo comentar aqui, numa posição completamente oposta à minha, mas pela coerência de seus argumentos, trazidos de forma elegante e objetiva, passei a refletir sobre alguns pontos. Coisa muito diversa é ser tolerante com falta de educação ou modos. Aí me parece que tanto faz a visão que o leitor tenha. As pessoas devem saber se comportar nos ambientes.
concordo plenamente Sr. José Henrique, afinal estamos participando para aprender e hoje recebi uma tremenda lição com o seu comentário, obrigado pelas considerações. aliás parabens pelo “achado” no youtube, assisti e mostra várias opiniões neste amalgama de interesses.
Sr. José Henrique, eu mesmo estou aprendendo muito com seus comentários. Envio cordial abraço.
Andreas e Bosco,
a única pessoa que parece alienada são vocês com os seus comentários. Se acompanhasse o jornal impresso, saberia que o jornalista fala também dos problemas que há no Irã, aliás um dos poucos que consegue manter uma visão imparcial dos fatos. Suas visões são maniqueístas, não há nenhum país, sociedade, povo ou pessoa que seja só boa ou só ruim. Todos têm problemas, defeitos e virtudes. Não é porque há problemas na Polícia Militar no Rio de Janeiro, porque há violência, que não há coisas boas por lá. O mesmo vale para o Irã. Religião maluca? Deixa de ser preconceituoso. Não vejo diferença entre a fé de um muçulmano, católico, judeu ou evangélico. Há pessoas que professam a fé de um modo diferente até mesmo dentro de cada religião.
E se vocês querem visões estigmatizadas, recomendo que leiam a Veja.
Samy, não deixe se levar por esses comentários estapafúrdios. O seu blog é muito interessante. Parabéns.
As principais religiões do mundo, promovem a paz e o amor. A Bíblia, o Alcorão, os livros sagrados do Budismo, falam sobre perdão, a a conciliação entre as diferenças. O que estraga sao os radicais religiosos, aí incluidos os religiosos ateus. A palavra “religião” se origina provavelmente do latim “religio”, que significa “prestar culto a uma divindade”. A divindade dos comunistas é Lenin – hoje mumificado como um faraó em Moscou, Stálin – cultuado como o pai da humanidade e outros como Kim Il Jong na Coréia do Norte. Os radicais dessas diversas religiões que hoje existem no mundo querem eliminar uns aos outros, enquanto que a grande maioria de todos os cidadãoes religiosos quer a paz e o sossego. Qual a conclusão? Marta está certa. Não é a religião que é maluca, são os radicais que são loucos, pertençam eles a qual seja a religião, mesmo a ateísta. O Irã já é um pais muito belo e seu povo é amigável. Imaginem quando se livrarem desses mulás radicais, e suas crianças forem criadas no amor ao próximo – seja qual for sua religião, como o Irã será ainda mais maravilhoso.
Andreas, hoje infelizmente o Irã é dominado por facções ditatoriais obscuras e atrasadas. Nem sempre foi assim. O Irã é um dos poucos países do mundo que tem uma história seguida de 5 mil anos. Por outro lado, criar uma histeria a esse respeito só prejudica e afasta, além de dar força para extremistas. Vejam o exemplo de Stálin e Hitler: a primeira coisa que fizeram ao tomar o poder, foi exterminar, prender ou calar os políticos dos partidos moderados. Os extremistas tem pavor da moderação, da democracia e da liberdade. No caso do Irã, temos que estender a mão para fortalecer a moderação e não jogar o jogo dos extremistas. O fato de que Samy nos mostra o dia a dia do povo iraniano, não significa que esteja aplaudindo aquele bando de radicais atrasados que impõem ideais da idade média ao povo iraniano. Parabéns ao Samy pelo seu excelente trabalho.
Obrigado por essa informação, Samy. Tenho alguns bons amigos em rede social de lá, jovens – nada a ver com religião ou política – e me deu um bom motivo para cumprimentá-los. São bem educados na internet, elegantes, pelo menos meus amigos.
Legal, parece que o povão não ta nem ai pra bomba, mas o governo tá… e ai o povo e que poderá sofrer… mudar o governo eles ate devem tentar mas…
Salam Samy, que inveja boa de você! O meu maior sonho é passar um Norouz no Irã!!
Mas somente a título de esclarecimento, esta data não é exclusividade somente dos iranianos pois: atualmente é comemorada no Curdistão (onde é chamada Newroz), no Afeganistão, nas antigas repúblicas soviéticas do Tadjiquistão, Uzbequistão, Azerbaidjão, Casaquistão, Quirguistão e pelos parses zoroastrianos, na Índia. (Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Noruz).
Esse ritual do fogo chama-se Chāhār Shanbe Sûri (também celebrado no Curdistão).
E as festividades que se seguem chamam-se Sizdah Bedar (algo como os 13 dias) onde as famílias fazem pic-nic ao ar livre nesse mundo colorido de flores desabrochando e jogam fora o Sabzih (matinho verde dos Haft sin) que para eles absorveu todas as energias negativas para começar o ano novo.
Norouz Mubarek para todos os iranianos!!
Vai lá Janaina, ser apedrejada. Quem sabe voce também cai na real.
Janaina, não vale a pena responder a comentários com esse nível. Deve-se ignorá-los, simplesmente. É a melhor opção.
é verdade não devemos responder certos comentarios
Janaína, obrigado por sua contribuição positiva.
Samy, que coisa bela leer sobre o Iran num jornal, sem se tratar das típicas e de algúm tempo noticias, que EEUU e Israel querem bombardear aos “Persas”.
O império americano, así em minúscula, ainda não apreendeu, na história, o conceito de decadência.
Será que os Persas, nação milenar, serão os escolhidos para a queda definitiva deste imperio?
Exelente artigo!
Excelente artigo. Instigante, simples, adorável.
Feliz Norwuz para vc, Samy.
Samir, nao! SAMY!! 🙂
Boa tarde Samir e José Henrique!
Sou brasileira, mas moro em Montreal com meu namorado, que é iraniano. Na segunda-feira à noite, a mesa vai estar preparada aqui em casa para o Nowruz. Vou tirar uma foto e mandar para vocês.
Meu namorado, que se chama Houman, adorou tudo o que o Samir escreveu e ficou muito contente ao ver este tipo de informaçao num jornal brasileiro.
José Henrique, o Houman me disse que pode te mandar muitas informaçoes, caso queira. Pasárgada se chama Pasargad e no Google Maps, vc a encontra a Nordeste de Shiraz, na estrada 65 (que vai a Isfahan).
“Khalij” significa GOLFO. O “e” é o conector entre as palavras. “Darya” significa MAR.
Se precisar de mais alguma coisa, escreva!
Larissa, muito obrigado pelas dicas. Nunca vi uma foto de Ano Novo Persa. Vou procurar Pasargad no Google Maps, porque não achei no mapa da Michelin. Agradeço a generosidade de vocês. Abraço
Olá Samy. Que imenso prazer ler o seu blog. Os seus textos são deliciosos e quase dá para participar do cotidiano iraniano com vc. Samy, é bom ler visões como a sua, pois assim as pessoas aprenderão que nem tudo é preto no branco. É claro que existe a ditadura, mas assim como foi com o Brasil o ser humano aprende a se adaptar e dando seus jeitinhos consegue tornar a vida peculiar e gostosa a sua maneira. Mesmo sob uma ditadura as pessoas conseguem sorrir, colorir o dia a dia com coisas simples, cometer pequenas infrações que fazem a vida ter graça (como no caso contado por vc das meninas expondo parte do corpo, rsrs). Quando vejo fotos de mulheres muçulmanas acho interessante observar o gosto pela moda e a paixão que elas tem pelos óculos de sol da Gucci e D&G é possível ve-las de Hijab e o inseparável óculos. Coisas simples, mas que mostram que as pessoas não apenas sobrevivem as situações de privação, mas acima de tudo elas arrumam um modo de viver de acordo com seus próprios conceitos e vontades. Bom, besteiras talvez o que disse, mas é que adoro ver essas fotos e observar os detalhes, mas infelizmente muitos se apegam só ao Hijab, Xador ou a Burka como se esses fossem os maiores inimigos da atualidade.
Desde pequena leio com prazer, mas menos do que gostaria, a história dos povos Persas, Judeus, Árabes. Saber a cultura, formas de governos e suas religiões é minha paixão e sonho poder viajar e conhecer os locais que povoam minha mente desde a infância. Em razão da minha enorme vontade de bater canelas, rsrs, pergunto=lhe: Ainda há a exigência de que a mulher turista em visita ao Irã seja casada e esteja acompanhada do marido? No mais enquanto não posso ir por ai ver tudo, continue nos deliciando com suas experiências. Boa sorte! Se cuide! E ah, depois nos conte sobre a rica gastronomia persa ou iraniana. Sei lá, vc entende mais.
Samir, que artigo agradável de se ler. Gostei da parte das flores em Teerã. Obrigado pelo aprendizado que seu blog nos proporciona. Peço logo desculpas pelo tamanho desse meu comentário.
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Olha, estou lendo sobre o Irã e a Pérsia, para minha viagem, e verifiquei que a transliteração do Mar Cáspio para o inglês é “Darya-ye-Kahzar”. Você saberia dizer o que significa? Parece ser algo como o “Mar dos Kazares”. É isso mesmo? O que quereria dizer?
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Já o Golfo Pérsico é transliterado para “Khalij-e-Fãrs”. No caso o “e” também dá idéia de propriedade, como a preposição “de” em portugês. Mas não encontrei o que é “Khalij”. Seria “Golfo de Fars” mesmo?
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Embora tenha achado Persépolis (Takh-e-Jamshid) no mapa, próxima a Shiraz, não encontréi Pasárgada, perto de Yazd. Tem algum outro nome?
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Finalmente, achei um vídeo muito interessante sobre o Irã, no contexto das ameaças de guerra que alguns líderes de países têm veículado pela mídia:
http://www.youtube.com/watch?v=oLEeSLoTlX8&feature=autoplay&list=PLACF7C0CB59F7BAF5&lf=results_main&playnext=2
José Henrique,
andei pesquisando sobre o nome do Mar Cáspio também. Esse título é uma transliteração aproximada de Qazvin uma das etnias que vivem ao redor deste mar. Outros nomes conhecidos são Darya-ye-Kahzar e Darya-ye-Mazandaran (respectivamente Mar dos Kazars e mar dos Mazandaran, outras etnias). Já a palavra khalij, significa tanto em árabe como em persa ‘baía’. Se eu encontrar os outros nomes te falo…
Jose Henrique, quero ver a sua história depois que voltar de lá, isto é, se voltar vivo. Estou até pensando em escrever uma história sobre o Rio de Janeiro, que começa assim: o’Rio é lindo, não há crimes, as pessoas andam com correntes de ouro e relógios. As pessoas se adoram, o trasito é maravilhoso, não há congestionamento. Nao há crime organizado, a policia distribui sorvete para os turistas. Não é igual às materias desse “jornalista”?
caro Andreas o Rio de Janeiro é tambem lindo, com pessoas honestas e trabalhadoras, acho que voce deveria observar que a socieade, em qualquer lugar do mundo não é composta unicamnete só por pessoas do bem ou do mal, elas são compostas por humanos do bem e do mal, não podemos ser daltonicos ao ponto de enxergarmos só uma cor.
Andreas,
Você perde seu tempo criticando este blog. Procure um blog que seja do seu interesse e que voçê possa elogiá-lo. No blog do Samy estão pessoas interessadas em ver o outro lado das notícias que só falam que o Irã é um país terrorista e faz parte do eixo do mal, conforme divulgado pelos EUA.
josée henrique, Persépolis é emocionante. Ali vice terà + em exemplo de tudo o que nòs ocidentais roubamos da cultura persa (alexandre “magno”) e nos apropiamos de serem os “criadores.
Pasàrgada dista 20 km de Persépolis e vale somente pela tristeza de ver uma àrea plana, imensa, sem nada…..nada, somente alguns pilares maravilhosos restaram como testemunho. O Iran me deixou com um sentimento de profundo respeito pelos persas. Unico lugar no planeta onde os poetas històricos tem tumulos maiores do que os dirigientes e filas imensas para reverencia-los todos os dias.
Janaína e Miguel, muito obrigado pelas dicas. Nunca tinha imaginado um país onde os túmulos dos poetas fossem maiores do que o dos políticos.
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Janaína, os Kazares seriam aqueles povos turcos que se converteram ao judaísmo – para evitar a influência de Constantinopla cristã e dos Árabes ou Persas mulçumanos, garantindo assim certa independência – e se transformaram no que hoje se chama Ashkenazim?
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Andreas, discordo de sua opinião. O Blog nos lembra que há toda uma sociedade civil no Irã, com características ora semelhantes, ora diversas, sempre complexa, como em qualquer país. Pelo que leio, a violência urbana patrimonial no Irã é muito reduzida. Penso que seja pior na periferia de São Paulo ou em favelas do Rio de Janeiro. De qualquer forma, pretendo chegar às minhas próprias conclusões. A mídia vulgar é muito maniqueísta.
José Henrique, continue sua busca pela história e o povo iraniano. É um povo amigável, hoje dominado por uma minoria obscurantista. Tudo isso mudará para melhor, é questão de tempo.