Publicidade ou provocação?
27/02/12 09:23Um comercial israelense divulgado recentemente no Youtube (link abaixo) enfureceu o governo iraniano. O anúncio é da HOT, uma empresa de TV a cabo, mas quem quase pagou o pato foi a Samsung, que escapou por pouco de ser banida do Irã, um de seus principais mercados.
O vídeo narra em tom de paródia a seguinte historinha: quatro agentes do Mossad, o temido serviço secreto de Israel, recebem a ordem de ir a Isfahan, cidade iraniana que abriga uma importante central nuclear. Ao chegarem, disfarçados de mulher com véu, encontram o chefe espião, que se instalara no Irã com antecedência para preparar a missão. Após breves cumprimentos, o patrão conta que os espera em Isfahan há dois meses. “Um inferno de tédio”, queixa-se. Ele diz só ter conseguido matar o tempo graças ao tablet Samsung, equipado com aplicativo graças ao qual não perdeu nenhum capítulo de um famoso seriado israelense. O chefe enumera outros recursos do tablet para assistir aos programas da HOT quando um dos subordinados, impressionado, mexe na tela do objeto e, sem querer, detona uma enorme explosão na central nuclear. O agente trapalhão rebate o olhar de reprovação dos colegas dizendo: “mais uma explosão misteriosa no Irã” _referência explícita a atos inexplicados que nos últimos meses têm causado mortes e destruição em complexos industriais iranianos. Muitos analistas dizem que são atos de sabotagem orquestrados pelo Mossad para minar o programa nuclear do Irã.
O vídeo é engraçado, mas tem mesmo tudo para desagradar os iranianos.
Primeiro, o Irã é retratado no comercial como um lugar sujo, inóspito e subdesenvolvido.
Segundo, o anúncio faz piada com as tais explosões misteriosas amplamente atribuídas ao Mossad, que já mataram ao menos 20 iranianos. Até os militantes antirregime de Teerã rejeitam ataques externos, vistos como terrorismo de Estado.
A terceira razão talvez seja a mais ofensiva. Na cena final do anúncio, um dos agentes mata com um tapa um inseto que pousara na sua nuca. Após esmagar o bicho, o espião se exclama: “Khomeini” _um trocadilho entre o apelido de um besouro em hebraico e o nome do fundador da República Islâmica, aiatolá Ruhollah Khomeini, tido como santo pelo xiismo iraniano. Com santidade não se brinca, muito menos em países muçulmanos.
Um internauta comentou no Youtube que o nome do inseto em hebraico é khumeni, não Khomeini. A palavra seria um derivado do termo “khum”, que significa marrom, e não haveria portanto nenhuma intenção jocosa. Difícil de engolir…
Difícil acreditar também que a Samsung, cujo logo e nome aparecem em destaque várias vezes no vídeo, não teve nenhuma participação. Mas a marca sul-coreana jura ter sido pega de surpresa. Mesmo assim, teve que pedir desculpas oficialmente para tentar acalmar as autoridades de Teerã. O Parlamento iraniano chegou a preparar uma lei para expulsar a Samsung do país, o que seria um desastre para o fabricante de eletrônicos, líder no mercado iraniano. Por coincidência, o publicitário responsável pela conta da marca no Irã integra meu grupo de novos amigos em Teerã. Ele conta que os esforços dos sul-coreanos funcionaram, e a poeira baixou. A Samsung continuará no Irã.
O comercial, legendado em inglês, com introdução para ajudar a entender as piadas:
E viva o Stuxnet !
Bom e belo trabalho Samy. Livre, objetivo, antenado e equilibrado. Só lamento ter ficado seis anos no Estadao sem ter conseguido ‘roubar’ você da Folha – Rui Nogueira
A samsung tem mercado lá, não tinha que fazer comercial falando mal do país. Aliás ninguém tem que fazer piadas de mau gosto quando vende seu produto no país. Falta de criatividade dessa agencia de publicidade.
Duvido que a Samsung tenha deixado esse canal a cabo usar sua marca para tirar sarro do Irã…
Muita irresponsabilidade quem fez esse vídeo…
Samy
aqui vai uma forma de mostrar que não houve nenhuma provocação(na minha opinião) no comercial citado, tendo sido apenas humor. No site cujo link está abaixo fala-se do “carnaval” judaico que será amanhã, onde todos se fantasiam, inclusive algumas professoras fantasiaram-se de cientistas nucleares iranianas. Segundo diz a notícia, as professoras vestiram aventasi brancos de laboratório, e aos aventais estavam colados em grandes quantidades sementes de abóbora. As sementes de abóbora em hebraico são chamadas de “garinim” e tudo o que tem a ver com nuclear em hebraico diz-se “garin”. Fica claro a quem quiser ver o trocadilho e o humor.
O site ´de um jornal israelense está em hebraico, mas suponho que não seja impedimento a ninguém de conseguir uma versão traduzida com os meios que existem hoje em dia.
Espero ter contribuido para mostrar um pouco da real imagem de Israel e não, aquela que constantemente é mostrada nos orgãos de comunicação social.
http://www.ynet.co.il/articles/0,7340,L-4199071,00.html
Samy, o Blog tem apresentado matérias interessantes e, em face da guerra fria entre Israel e Irã, é óbvio que não há como separar a situação desses dois países. Por favor, não aceite qualquer forma de censura velada, e continue nos informando. Sou daqueles que pensam também que os Blogs devem conter textos jornalísticos, e não acadêmicos. Aqueles que quiserem referências doutrinárias, bibliográficas, dissertações de mestrado ou teses de doutorado etc. devem buscar estudos acadêmicos, ou procurar páginas como a do Foreign Policy.
Mudando de assunto, como penso em viajar ao Irã, gostaria de saber aspectos do cotidiano. Por exemplo, como são os banheiros? Iguais aos da China, ou do modo ocidental? Abraço
O blog é sobre Irã ou sobre Israel? Compreendo que os dois países trocam provocações e estão com um pé na guerra. Mas me chatea essa discussão contra Israel num blog exclusivo do Irã. Desvirtua totalmente o objetivo do blog que é discutir Irã. Desculpe o desabafo. Se quiser deletar este post tudo bem.
Ezter, o blog é sobre o Irã, sim. Mas esse comercial israelense foi muito debatido aqui, irritou governo e quase levou a Samsung a ser expulsa. Virou assunto iraniano.
Os judeus são piadistas natos e essa sobre o Irã é engraçada e picante, assim como foi a que fizeram sobre o Lula há algum tempo atrás quanto visitou Israel. Fazem piadas, das mais cabeludas, sobre si mesmos principalmente, e sobre outras culturas e povos também. Talvez tenham escorregado ao bulirem com o aiatolah Khomeini. Como foi dito acima, com santidade, com o sagrado ou com profetas talvez não se deva brincar.
Acho de extremo mau gosto brincar com uma situação que envolve mortes e ferimentos de inocentes – no caso, os atentados aos engenheiros iranianos. Os clientes e agências devem ter bom senso para evitar esse tipo de situação, ainda mais em casos delicados como a relação Israel/Irã.
Ao mesmo tempo, é importante o governo irariano não tomar medidas extremas como reação – e acredito que não tome. Foi só uma propaganda de péssimo gosto.
Que isso não sirva para acirrar ainda mais os ânimos entre os governos dos dois países. Tudo o que o Oriente Médio não precisa agora é de uma guerra entre as duas potências regionais, ainda mais com a situação atual na Síria.
Abs,
Sidney
Interessante essa notícia sobre a liberdade de expressão na Cisjordânia ocupada. Haverá protestos da mídia e dos Repórteres sem Fronteiras contra essa prática de censura? Quantos que defenderam a liberdade de expressão na TV de Israel, referida nesse Blog, se porão contra o empastelamento da TV da Palestina? É essa incoerência que aflora, e mais ainda com o advento da internet.
http://hispantv.com/detail.aspx?id=175293
Fuerzas israelíes cierran dos emisoras palestinas en Ramala
29/02/2012 14:32
Las fuerzas de seguridad del régimen israelí han cerrado dos estaciones de televisión palestinas en el territorio ocupado de Cisjordania además de confiscar sus equipos de transmisión y otras pertenencias.
Las tropas israelíes han irrumpido a primeras horas de este miércoles en el canal privado de televisión Al-Watan y en la Televisión Educativa Quds, en Ramalah, localidad ubicada en el centro de Cisjordania, según han informado los empleados palestinos de ambos canales.
“Llegaron a las 02:00 hora local y se llevaron alrededor de 30 computadoras y todos los transmisores y cerraron totalmente la estación”, ha declarado el jefe de redacción de Al-Watan, Ali Daragh Meh.
Daragh Meh ha precisado que “uno de nuestros guardias intentó detener a las fuerzas israelíes pero le dijeron que tenían órdenes oficiales de cerrar la estación”, sin embargo, las autoridades israelíes, de momento, no ha hecho comentarios acerca de este incidente.
El director de Televisión Educativa Quds, Abu Haroun Arra, ha informado que soldados israelíes entraron violentamente en la sede de la televisora a las 03:00 hora local e incautaron todos los transmisores, hecho que provocó la suspensión de las emisiones.
“Fue una sorpresa. Todavía desconozco el porqué de la confiscación de los equipos y el cierre de la estación, aunque trabajamos en las áreas pertenecientes a la Autoridad Nacional Palestina, disponemos de licencia”, ha agregado Haroun Arra.
Los periodistas palestinos tienen previsto realizar la tarde de este miércoles una manifestación de protesta en la plaza central de Ramalah para condenar la represión israelí contra la libertad de expresión en las tierras ocupadas.
lmr/nl/nal
Samy, seu papel como “provocador” (no bom sentido) está sendo de real importância para discusões e reflexões sobre o Irã. Veja que várias pessoas de diversas linhas de pensamento (prós, contras, em cima do muro) estão contribuindo para o debate democrático do tema. Algumas pessoas se exaltam sim, (não acredito que seja para ofender) mas na avidez de tentar provar suas teorias.
Me bateu uma tremenda curiosidade acerca dos programas humorísticos iranianos.
Imagino que façam humor com situações ou personalidades de outros países à exemplo dos nossos humorísticos.
Que tal lhe parecem ?
Bartolomeu, os iranianos, como todos os povos do Oriente Médio, têm muito humor e adoram contar piada. Como em qualquer país, há brincadeiras com personagens imaginários estereotipados, como o curdo ingênuo, o yazdi (iraniano de Yazd, no centro) pão duro e o árabe desprovido de bons modos. Geralmente são piadas sem ódio. Mas esse humor está essencialmente restrito à esfera privada. Reza a lenda que o aiatolá Khomeini, fundador do regime teocrático em vigor, teria certa vez dito: “não há humor nem diversão na República Islâmica”. A mídia estatal é pra lá de sisuda. No entanto, há alguns programas de humor no rádio.
Apenas lembrar a todos os “comentaristas”:
1) a companhia HOT é privada e não tem ligação direta com Israel. Qualquer ligação entre os dois é uma tentativa baixa de denegrir o nome de Israel a qualquer custo.
2) todos os artistas do comercial são comediantes famosos em Israel.
3) fazer uma tempestade num copo de água essa é a intenção dos que aqui escrevem…pena.
Julio, o blog em momento algum deu a entender que havia relação entre a HOT e o governo de Israel. Além disso, quem cria a polêmica não é o blog, que apenas reproduz um tema muito debatido aqui no Irã. Sua expressão “tempestade num copo d’água” não me parece apropriada, já que a discussão tornou-se assunto de Estado e envolveu um dos maiores fabricantes de eletrônicos no mundo, com milhões de dólares em jogo. Volte ao blog sempre que quiser, mas por favor abstenha-se de ataques pessoais.
Samy, permita-me perguntar onde foi que eu ataquei alguem pessoalmente? A si? “comentaristas” são aqueles que escrevem sem saber do que estão a falar…cmo exemplo o sr. Rafael acima (aliás ainda não houve nenhuma resposta ao meu pedido a ele).
Tempestade num copo dágua é sim uma expressão correta, pois no meu ponto de vista foi uma forma de marketing o que foi feito pela epresa HOT. O fato do governo do Irã não gostar é direito deles…mas rapidamente nos blogs pessoas desinformadas transformam tudo em política racista ou anti-sionista, espalhando mentiras ou meias-verdades, que é ainda pior.
Aproveito para pedir-lhe que faça uma reportagem em seu blog sobre como as autoridades iranianas mostram a Israel, nos comerciais ou talvez programas de TV, tipo novelas, etc…não há nenhum por aí?
Obrigado,
Julio, só pedi que se dirija aos interlocutores no forum, quaisquer que sejam, de forma menos ofensiva. Fique tranquilo em relação a posts racistas ou motivados por ódio, pois serão imediatamente rejeitados. Acato a sua dica de texto sobre a percepção que se tem de Israel aqui no Irã.
É engraçado que a pessoa que fala em “tempestade em copo d’agua” parece ser a mais irada entre os “comentaristas”. Será ele um Aiatolá disfarçado? Bem, vou aproveitar e fazer pedidos tb. Se puder escreva um pouco sobre as minorias: curdos, judeus e etc. Um abraço.
O blog é ótimo porque informa sobre uma cultura diferente da nossa e provoca polêmicas importantes. Como disse José Henrique, aqui temos oportunidade de nos vermos em espelho: se não achamos bom quando o chiste pejorativo se refere ao que prezamos, por que não respeitarmos o que tem valor para outros povos? Ver a cultura do outro em relação à nossa estimula reflexões éticas.
Na boa. Foi provocação.
Na boa também, faz parte da cultura do povo israelense a provocação, assim como parte a do iraniano não aceitar que uma mulher tenha mesmo direitos que um homem. Então ambos deveriam se respeitar e não vir ou outro se fazer de coitados.
Esses limites à liberdade de expressão são interessantes. Apareceram charges pejorativas com Maomé, na Dinamarca, e muitos mulçumanos criticaram, considerando desrespeitoso. Eles, mulçumanos, foram tratados pela mídia ocidental como intolerantes. Depois, em resposta e para questionar os limites e a coerência da liberdade de expressão no Ocidente, houve, no Irã, um concurso de charges a respeito do holocausto, e os israelenses criticaram, considerando desrespeitoso. Eles, israelenses, foram tratados pela mídia ocidental como vítimas. Penso que se deve ser coerente: ou se aceita piada sobre tudo ou sobre nada, ou com um limite geral para quaisquer grupos, independentemente de quais sejam. Não se pode ter dois pesos e duas medidas num mesmo contexto, conforme a opção ideológica de cada um. Particularmente, penso que todos devem se pôr na posição do outro, para ver como se sentiriam diante daquelas piadas. Acredito que humor tem limites e o respeito deve ser um deles. Recentemente, no Brasil, alguns pretensos humoristas foram rechaçados pela opinião pública, quando passaram a desrespeitar outras pessoas, achando-se acima do bem e do mal, intocáveis. Em tempo: para mim ambas as formas de humor mencionadas acima deveriam ser evitadas, pois magoam outros seres humanos em dimensões muito sensíveis. Não vejo graça em ridicularizar profetas importantes para uns, como também o sofrimento de grupos étnicos perseguidos por regimes racistas.
Salam Samy, continuo apreciando o seu blog, também acho válido os comentários daqueles que vão contra a sua opinião pois com eles vejo, como muitos de nós leitores, não hesitamos em acreditar na propaganda da mídia contra o Irã. Eu mesma, tenho curiosidade de saber o que o povo iraniano pensa destes tais extremistas, antes de sair criticando eles com a minha visão ocidental dos fatos.
É lamentável constatar que boa parte do que chamamos de “Mundo Islâmico” já foi por muitos séculos mais desenvolvido que o ocidente.
E se enfiou neste lodaçal do extremismo religioso, e dele não ha sinal de quando vai conseguir sair ……
Uma propaganda de gosto duvidoso, virar uma questão de estado é só um pequeno sinal disto.
Somente um cara sem noção!!!! a propaganda é engraçada, mas os atos que acontecem lá não são nem um pouco!
Pois eh, o que eh triste eh que Israel nao aprende mesmo com a historia! Depois de terem quase sido riscado do mapa europeu, querem riscar os arabes. Depois de terem sido alvo das propragandas nazi, fazem suas propragandas contra os persas. Me lembro que a mais ou menos 1 ano ou 2 atras, me enviaram um video de um jornal Israelense “parodiando” sem o minimo humor o ex-presidente Lula e nosso povo. Ok. Querem fazer humor com outro pais? Facam, pois todos fazem. Agora: respeito eh algo que SEMPRE se deve ter! Se gostam do Lula ou nao eh opcao deles, mas entao que seja respeitado nosso povo! Enfim, aquela foi a vez do Brasil. Esta eh a do Ira. Pois que seja assim. O futuro espera eles. E no Brasil soh nao abre os olhos quem nao quer.
Para aqueles que nunca viram o video:
http://www.youtube.com/watch?v=qMakrBieQic
Blog é um inferno mesmo, Samy.
Se acostuma porque os experts de plantão vão continuar te metralhando diretamente do sofá da casa deles… dá muito trabalho fazer, xingar é mais confortável.
Mas enquanto tiver gente te acusando de funcionário dos aiatolás e de serviçal dos sionistas no mesmo post é sinal de que está no caminho certo!!
É isso, faham, e acho admirável que o Samy tenha a dedicação de responder mesmo a críticas destrambelhadas. É estranho para leitores de jornais online no Brasil uma opinião que seja ponderada. Excelente blog.
Concordo com o Faham! Parabéns mais uma vez ao Samy pelo material!
Força!!
Samy, esse vídeo pode ser acessado livremente no Irã ou ele já foi censurado?
Rodrigo, o Youtube como um todo é bloqueado no Irã. Mas quase todos os internautas possuem dispositivos para driblar os filtros do governo e, com isso, usar a internet como em qualquer outro país _tirando a conexão, bastante lenta.
Mais uma demonstração de fraqueza do Irã.
Os totalitários iranianos, assim como os petralhas brasileiros (olha o Vila Vudu aí embaixo), não suportam crítica.
Ze, seus comentários serão sempre bem recebidos, desde que você não lance ataques pessoais.
Olá Samy, o que de fato mais irrita os religiosos do Irã (que cá entre nós, não tem nenhum senso de humor) é que os judeus possuem seu jeito caricato de lidar com as coisas, perceba que geralmente são fatos humorísticos que geram tanta revolta neles. Algo comum entre nós e mais comum ainda entre os judeus.
Bom, pode até ser mas acho que os judeus não aceitam tanto esse humor se ele vem de fora. Por exemplo, se a propaganda fosse iraniana acho que a repercussão seria violenta em Israel tb.
Cite algum exemplo de que aconteceu algo parecido.
Realmente judeu tem muito senso de humor. Rafinha Bastos que o diga.
Quando vi a chmada com o titulo acima,
pensei que fosse a respeito do seu próprio blog.
“Publicidade ou provocação?”
Sabemos que uma boa parte da população do Irã não está satisfeita com o governo, mas o que prevalece é a ditadura e extremismo do pais.
Por exemplo, 2 dias depois de v. mencionar q. cristãos e judeus vivem relativamente bem lá, veio a noticia que um cidadão iraniano foi condenado a morte por enforcamento por ter se convertido ao critianismo.
Quando falou dos atributos do prefeito esqueceu-se de dizer se ele cuida bem tambem dos locais de apedrejamento de mulheres, ou dos enforcamentos e outras formas de execuções.
E quanto aos porões de tortura, ele os mantem limpos ?
Seu bloque está realmente parecendo propaganda paga pelos aiatolás !
Palacio, em primeiro lugar, eu jamais neguei nem omiti que existem sérios problemas por aqui, inclusive em relação a liberdades individuais e políticas. Em segundo lugar, se você estivesse mais atualizado no noticiário, saberia que o iraniano convertido ao cristianismo NÃO foi condenado à morte. A notícia que correu e gerou reações incendiadas mundo afora estava errada. A apostasia existe, sim, na legislação iraniana, mas ela jamais foi aplicada. Terceiro, se quiser questionar o post sobre o prefeito de Teerã, vamos em frente, mas com um pouco de boa fé você entenderia que o sujeito não tem relação alguma com o sistema judiciário responsável pela aplicação das sentenças. Prefeitura é prefeitura, tribunal é tribunal. Além disso, o apedrejamento em praça pública existe muito mais no imaginário do Ocidente do que na vida real. A pena não só praticamente nunca foi aplicada como acaba de ser revogada de vez pelo poder judiciário. Ninguém mais será condenado a essa sentença atroz. E pena de morte por pena de morte, não se trata de um problema exclusivamente iraniano. Os EUA são um dos países que mais aplicam a sentença. Podemos continuar dialogando, desde que seja sem ataques pessoais, por favor.
Circula a desinformação – e não é culpa do Samy que vem nos brindando com excelentes artigos sobre o valente e libertário povo iraniano – que os EUA seriam um dos países que mais aplicam a pena de morte. Aquí não vai intenção de crítica, mas apenas de informação. Segundo a conceituada organização Anistia Internacional, o ranking de países que executaram a pena de morte em 2010, é o seguinte: China 2.000 ou + cidadãos executados judicialmente pelo governo, Irã 252 ou mais, Coréia do Norte 60 ou mais, Yemen 53, EUA 46, Arábia Saudita 27, Síria 17, e por aí vai. Não se pode negar que houveram erros judiciais nos EUA e que resultaram em prisão ou execução de inocentes. Tais erros são contrários às leis americanas e se descobertos em tempo, todos vemos como o preso pede ressarcimento ao governo americano e ganha, mesmo que uma recompensa financeira não pague os anos que ficou preso e o horror de viver dia a dia esperando a execução da pena. No Brasil também, quando ocorrem erros judiciais, nós temos direito de pedir ressarcimento. Podemos ser contra ou a favor da pena de morte. Nos EUA, com certeza a maioria dos 46 executados cumpriram todas as etapas de recursos judiciais, tiveram chance de se defender e o governo lhes pagou advogados. No Irã, pelo contrario, sabemos de varios casos de advogados que ousaram defender cidadãos iranianos e foram presos e perseguidos e tiveram que fugir do país. Esse foi o caso do valente advogado e defensor dos direitos humanos Mohammad Estafaei, defensor da iraniana Sakineh Ashtiani que foi condenada à morte pelo apedrejamento por que teria traído e matado o marido. Qualquer um de nós, depois de umas sessões de tortura na prisão de Evin, confessaríamos que matamos nossos conjuges mesmo se na realidade nunca tivéssemos casado. Sakineh recebeu 99 chicotadas nas costas, enquanto que seu amante recebeu apenas 40 e este último me parece sequer está preso. Realmente, não dá para comparar os EUA com o Irã, onde a tortura aos presos é prática institucional do regime islâmico daquele país. Portanto, não é aconselhável botar no mesmo saco as 46 penas de morte executadas nos EUA através de processos judiciais nos quais os acusados tiveram amplo direito de recurso e defesa com aquelas 252 ou mais penas de morte executadas no Irã, onde os acusados não tiveram seus direitos de defesa assegurados por que não tiveram direito a advogado ou seus advogados foram presos ou fugiram do país.
Na verdade, o uso do termo “Khum” tem intenção pejorativa, sim. Ocorre que os judeus lusitanos eram chamados de “marranos”, ou “barranos” em espanhol, cujo significado literal se refere ao porco, tanto pela cor quanto pela sujeira. Chamar alguém pelo nome do inseto o denota como o um ser porco. Levando-se em conta o primeiro item hipotetizado pelo autor, “khum” é um reforço de linguagem para depreciar os iranianos, assim como os católicos ibéricos chamavam os judeus durante a perseguição inquisitorial na transição da Idade Média para a Moderna.
Rafael, muito obrigado pela explicação mais detalhada.
Como escritor de colunas em jornais, blogs e afins, seria interessante pedir fontes para o que as pessoas dizem, se a sua intenção é informar as pessoas. Se não for…já é outra história.
Gostava muitíssimo de saber quais as fontes para as afirmações acima. Khum em hebraico significa realmente marrom. Não vejo qualquer ligação entre khum e marranos no que foi escrito acima. O autor das linhas demonstra um racismo nato (não confundir com anti-sionismo).
Tendo vivido um tempo em Israel, posso afirmar que as “informações detalhadas” são um monte de “desinformação” de cunho difamatório.
“Marrano” é um termo pejorativo dirigido pelos cristãos aos judeus ibéricos na idade média e significa algo como “porco”, “sujo”, algo assim. É um termo de conhecimento público na comunidade lusófona, logo não entendi a surpresa do nobre comentarista. Não tem nada a ver com “khum” e parece-me que o comentarista Rafael fez apenas uma analogia entre um termo e outro, ambos pejorativos.
O que o Benny disse eu tenho conhecimento já que vivo em Portugal. Entretanto o que eu queria era saber a relação disso com khum e de como o sr. rafael consegue chegar a que esse termo tem conotação pejorativa.
Sob o pretexto de criticar, o colunista só faz repetir o anúncio sionista preconceituoso.
Por que, em vez de perder o seu e o meu tempo com essas asnices marketadas, o colunista não comenta o Oscar que, ontem, premiou o LINDO filme iraniano “Separação”?
Talvez porque o filme mostre um Irã complexo, real e vivo (além de premiado), diferente, pois, da caricatura que os sionistas e imbecis em geral insistem em tentar inventar.
Vila, se você lesse a Folha papel, teria visto que eu já escrevi muitas vezes sobre o filme, incluindo quando ganhou o Globo de Ouro. Além disso, o blog serve justamente para sair do noticiário factual, disponível em todo lugar. Minha proposta é usar este espaço para trazer algo novo, diferente, que fuja do óbvio. Leia o jornal mais vezes e, por favor, evite insultos.